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O apoio psicológico na cirurgia bariátrica – Pela Psicóloga Amanda Castelo Branco Salomão

Muitas pessoas acreditam que a cirurgia bariátrica é uma forma simples de chegar à solução na redução de peso. Mas, na verdade a compreensão da complexidade de todos os fatores físicos e as mudanças psicológicas necessárias para esse novo modo de vida, são determinantes no resultado de todo processo.

É neste ponto que se torna tão importante a presença de um profissional de Psicologia ao decorrer do tratamento, sendo ele uma das peças-chave para o sucesso da intervenção cirúrgica.

Por isso a psicóloga Amanda Castelo Branco Salomão, explica neste artigo a importância desse procedimento e do acompanhamento do profissional, que garantirão o bem-estar e saúde do paciente.

A importância do apoio psicológico na Cirurgia Bariátrica

A obesidade é uma doença crônica, epidêmica e multifatorial, ou seja, não tem sua causa baseada em um único fator. Ela também traz inúmeras consequências não só para a saúde física do indivíduo obeso, mas também para a sua saúde psíquica, interferindo de forma negativa na sua qualidade de vida, gerando baixa autoestima, distúrbios psicológicos (os mais comuns são a depressão, o estresse e a ansiedade), podendo levar esta pessoa até mesmo a fazer uso de álcool e/ou outras drogas e, nos casos mais graves, pode levar ao suicídio.

A Cirurgia Bariátrica, mais conhecida como cirurgia de redução do estômago, ou cirurgia da obesidade, é utilizada como auxiliar no tratamento da obesidade, ajudando na perda de peso. Sendo a obesidade uma doença multifatorial, também é necessária uma equipe multidisciplinar para acompanhar o paciente obeso. Nesta equipe, a presença do psicólogo é muito importante.

Mas por que ele é essencial nesse processo? Para realizar a cirurgia, a avaliação psicológica, além de obrigatória, é de fundamental importância para um pós-operatório de sucesso.

O papel do psicólogo antes da cirurgia vai além de avaliar se o paciente está apto ou não para tomar sua decisão, mas é também, o de prepará-lo tanto para o tratamento cirúrgico, quanto para o pós-operatório. O psicólogo deve portanto, ajudar o paciente a compreender o momento da cirurgia e fazer com que ele se sinta pronto para enfrentar a mudança no estilo de vida que deverá ocorrer.

Nesse sentido, o psicólogo vai conscientizar o paciente acerca dos benefícios e das possíveis complicações da cirurgia, da possibilidade de realizar outras cirurgias reparadoras, dos sentimentos que podem surgir durante a espera pela operação, dos cuidados que serão necessários e de toda a mudança que ocorrerá e que ele deverá levar para o resto de sua vida.

Há várias questões relacionadas ao impacto da obesidade na qualidade de vida que poderão aparecer durante o processo pré-operatório. A começar pelo dia a dia de uma pessoa obesa. Esta pessoa não consegue fazer as mínimas atividades que uma pessoa não-obesa faz no seu dia a dia: passar em uma catraca de ônibus, ir ao barzinho com os amigos e sentar em uma cadeira de plástico sem se preocupar se vai quebrar ou não, ir ao cinema sem se preocupar também se vai caber na cadeira, ou mesmo conseguir trabalhar em atividades ou ambientes que exijam que ele se mova com frequência.

A sociedade ainda carrega um grande preconceito contra os obesos, o que acarreta ainda, em perdas no que diz respeito a conseguir uma vaga de trabalho ou de conseguir se relacionar de forma satisfatória com outras pessoas (sendo relacionamentos amorosos ou não) por exemplo.

É muito importante que o psicólogo aborde incessantemente com o paciente o fato da cirurgia ser um processo facilitador do emagrecimento, não algo que o emagrecerá milagrosamente. Muitos pacientes chegam aos consultórios com a expectativa de que a cirurgia resolverá todos os seus problemas, como se o emagrecimento fosse a solução para tudo. Eles devem entender que, após a cirurgia, ocorrerão mudanças no padrão alimentar, no comportamento, no estilo de vida, nos relacionamentos, no modo de pensar e na forma como ele mesmo vê e percebe seu próprio corpo. Ou seja, o principal responsável pelo seu emagrecimento não é a cirurgia, mas o próprio paciente e este deverá se esforçar para conseguir adaptar-se a esta nova realidade.

Além disso, a avaliação psicológica pré-operatória inclui também a família do paciente e/ou as pessoas que vão acompanha-lo neste processo. É preciso que estas pessoas entendam também todas as informações passadas para o paciente, para que possam ajudá-lo durante a adaptação à nova rotina, na identificação das dificuldades, ajudando a superá-las, motivando e incentivando o acompanhamento profissional.

Já no pós-operatório, o papel do psicólogo é ajudar o paciente na adaptação à nova vida, nas novas formas de se relacionar (tanto com os outros quanto consigo), na nova percepção sobre seu próprio corpo, nas dificuldades de adaptação e na redescoberta de si mesmo.

O acompanhamento psicológico após a cirurgia não é obrigatório como a avaliação psicológica, porém é importante deixar o paciente a par da importância desse processo, já que a cirurgia não será a solução se as causas da obesidade não forem tratadas de forma adequada.

Com tudo isso, fica muito claro que a intervenção psicológica é então, muito importante para quem pretende fazer a cirurgia bariátrica e também para quem já passou pelo procedimento. O psicólogo pode ajudar a resgatar a saúde psíquica e a qualidade de vida deste paciente.

Se você pretende se submeter à cirurgia bariátrica, seja sincero com seu psicólogo, fale das suas dificuldades, motivações, pensamentos e sentimentos. Ele saberá como ajudá-lo da melhor maneira. E faça o possível para continuar o acompanhamento psicológico e, então, ter um auxílio adequado para conseguir manter sua saúde psíquica e ter melhores resultados na sua luta contra a obesidade.

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