Seja no cinema ou na música, na escola ou na internet, o jovem está sempre em contato com o tema, ainda mais com a quantidade de informações que temos acesso atualmente. A educação sexual é essencial para formar um adulto consciente de seus desejos, do seu corpo e do corpo do outro. É por isso que a educação sexual para adolescentes se faz tão necessária, pois é com ela que a informação correta é passada, além de prevenir diversas doenças e criar adultos que sabem tratar o corpo e a mente com respeito. 

Entrevistamos a sexóloga e co-fundadora da Abrasex (Associação Brasileira dos Profissionais de Saúde, Educação e Terapia Sexual) sobre a importância da educação sexual para crianças e adolescentes.

Juliana Sonsin: Os jovens de hoje têm muito acesso à internet e à informação. Você acha que isso prejudica ou auxilia o processo de educação sexual?

Graça Margarete S. Tessarioli: Hoje a internet está na palma da mão. Os jovens acessam para tirar suas dúvidas, e principalmente com relação à sexualidade, pois não encontram respostas às suas inquietações dentro da família e da escola. Se caírem em um site bem estruturado será ótimo, entretanto na maioria das vezes caem em sites onde aparecem cenas sexuais que não correspondem a realidade e que servirá de modelo para as suas práticas sexuais, o que prejudica o desenvolvimento da sexualidade.

Isso pode se tornar uma ameaça e oferecer riscos à saúde quando extrapolam os limites entre o real e o virtual, a exemplo no filme adulto onde, no geral, não se utiliza preservativo. Os adultos devem sempre educar as crianças e jovens com relação ao uso das redes sociais, inclusive informar que o que veem nos jogos, em cenas e tantas outras imagens não são reais e que são construídas para alcançar um público maior.

Juliana Sonsin: Desde que idade se deve falar sobre sexo com uma criança ou adolescente?

Graça Margarete S. Tessarioli: Na realidade, falamos de “sexualidade”, pois sexo é uma pequena parte da sexualidade. A sexualidade é algo amplo e que tem início desde o nascimento e estende-se até a morte. Ela forma parte integral da personalidade de cada um e é um aspecto da vida que não pode ser separado de outros. Neste sentido, podemos falar de sexualidade desde muito cedo,  já na primeira pergunta da criança em que devemos aproveitar a oportunidade e a curiosidade natural para conversar.

Lembrando que é muito importante entender a pergunta que está sendo feita antes de responder. O sexo é uma parte do desenvolvimento que só aparece na adolescência pois é quando começa a ser vivenciada com mais intensidade. Se o adolescente teve contato com uma boa educação sexual não encontrará dificuldades nesta fase.

Segundo o “As orientações técnicas em sexualidade para o cenário Brasileiro” da Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, que é uma proposta mínima dos tópicos e objetivos de aprendizagem para um programa de educação em sexualidade para crianças e jovens, entre os 5 e os 18 anos de idade.

Vale ressaltar os temas propostos: Relacionamentos; Valores, atitudes e habilidades; Cultura, sociedade e direitos, humanos; Desenvolvimento humano; Comportamento sexual; Saúde sexual e reprodutiva.

Juliana Sonsin: Qual a importância da educação sexual consciente para o psicológico do adolescente?

Graça Margarete S. Tessarioli: A Educação Sexual é importante para todos os profissionais que estão diretamente trabalhando com crianças e adolescentes, pois a sexualidade se mostra em qualquer lugar e a maioria das pessoas não sabe lidar com a própria sexualidade, o que torna difícil lidar com as expressões da sexualidade comum na infância e na adolescência. Infelizmente, na formação dos psicólogos, dos professores e dos profissionais em geral diretamente ligados à educação, não consta nas grades dos cursos as questões sobre educação sexual e aí está uma das grandes dificuldades em lidar com este tema.

Juliana Sonsin: O que costuma prejudicar o processo de educação sexual?

Graça Margarete S. Tessarioli:  Primeiro, a falta de conhecimento para lidar com o tema da sexualidade, pois não aprendemos na nossa formação. Há diversos fatores que prejudicam a educação sexual, entres eles ainda hoje a repressão está presente na educação sexual, o que dificulta ter uma linguagem apropriada para a abordar o tema. Acredita-se que conversar sobre “sexualidade”, especificamente sexo, poderá aumentar a curiosidade e antecipar o exercício da sexualidade. Além do olhar dos adultos sobre as expressões da sexualidade e que confundem com a sua sexualidade.

Juliana Sonsin: Os jovens costumam tratar o assunto como tabu?

Graça Margarete S. Tessarioli:  Na realidade, a sociedade de forma geral trata o sexo como tabu, pois enxergam apenas o “sexo” como prática. Neste sentido, na família e na escola o tema ainda é tabu, evita-se tratar desses temas com os jovens, assim as mensagens enviadas a eles com relação a sexualidade que é algo proibido, que deve ser escondido ou que é sujo. E é neste sentido, quando não há com quem conversar, que a internet ganha força.

Ou seja, a educação sexual é fundamental tanto nas escolas quanto na família, pois é vital que o jovem consiga se expressar e ter informações de confiança e, assim, deixar aflorar a sua sexualidade.

 

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