A Fama na Internet – Autodestruição e Fantasias

Após o surgimento da internet, muitas pessoas começaram a modificar suas vidas e suas rotinas, se direcionando a uma nova maneira de agir e pensar.

A facilidade de comunicação veio junto a esse advento e logo começaram a surgir padrões de beleza e de comportamentos, que quando seguidos corretamente prometem fama e popularidade. Funcionam como uma receita, onde na maioria das vezes a exposição da vida e a criação de uma falsa felicidade conseguem iludir não somente o público, mas também ao próprio criador da imagem, que passa a se aprofundar e arriscar em conceitos imaginários para alcançar o sucesso sonhado.

Para essas pessoas, a rotina comum onde apreciamos um passeio, aproveitamos cada momento livre como único e a valorização de uma boa conversa em qualquer banco pela cidade simplesmente perderam o sentido ou até mesmo o encanto! Os detalhes foram substituídos pelos vídeos, os momentos por um feed de notícias que são atualizados em tempo real e os diálogos por um sistema de símbolos que substituem as expressões.

E aí chegam os pensamentos que comparam uma geração que viveu sem a fama na internet e a que vive em função dela. Parece “assunto de idoso” como muitos nomeariam, mas na verdade a saúde mental e o comportamento social estão totalmente em risco.

Exposição na internet

Um dos maiores conceitos de sucesso atualmente é a conquista de visibilidade na internet, onde a pessoa usufrui de diversos produtos e serviços gratuitamente, além de ganhar comissões ou cachês ao anunciá-los. O sujeito é conduzido a um universo de ilusões, que na verdade está cheio de diversos conflitos, frustrações e processos depressivos. Isso explica o motivo da fuga de sua realidade para criar uma que seja mais fantástica do que a própria vida real.

Sim! As redes sociais são vitrines públicas ou amostras do melhor, do mais lindo e perfeito. Porém, nesta dinâmica encontramos um grande problema: a maioria das pessoas passam a viver isoladas dos outros e de si mesmas e não conseguem aceitar ou enxergar os seus próprios obstáculos e confrontos diários. Desta forma criam personagens que não podem mostrar falhas e por sua vez suas vidas começam a girar em torno desse ideal ilusório.

A vida passa a ser um show, onde cada detalhe é exposto e alumas pessoas arriscam a própria vida a custo de mais audiência e likes em seus canais, assim agem por impulso pela necessidade de preencher o vazio, colocando como verdade absoluta cada aspecto dessa nova vida fictícia.

Alguns não possuem afinidade para esse tipo de exposição e a frustração pode levá-los à tomadas de atitudes arriscadas, além de depressão por não alcançarem o sucesso tão sonhado.

Por outro lado, surge um grande problema: aqueles que conseguiram alcançar o que desejavam passam a ficar sem sua privacidade e não há espaço nem mesmo para refletirem sobre problemas familiares ou pessoais pelos quais passam. E esse sufocamento tem causado diversos transtornos entre os famosos.

Mas e então? É sempre ruim sonhar com a fama?

Não é essa a questão, desejar ser notado e valorizado é uma característica natural do ser humano, mas há sempre um limite. Quando esse passa a ser o único e exclusivo objetivo de vida, a ponto de outros diversos aspectos serem abolidos e perderem seu valor, e isso tudo passar a ser insuportável para amigos e familiares, neste ponto temos um grande problema psicológico.

Definir que o sucesso é a única forma de garantia de vida, pode trazer à pessoa quadros de ansiedade e depressão.

Quanto mais famosos, menos tempo vivem

Para título de curiosidade, vamos observar uma pesquisa da Universidade de Queensland, na Austrália, que analisou mil obituários do jornal New York Times. Desta forma, chegaram aos resultados:

• Cantores, atores, músicos e esportistas morreram com média de idade mais baixa, 77 anos;
• Escritores, compositores e artistas morreram com  média de 79 anos;
• Acadêmicos, historiadores, economistas tiveram média de 82 anos;
• Os que trabalhava na política ou negócios chegaram aos 83 anos.

E a partir desses dados conseguimos levantar uma questão muito interessante: o preço a ser pago para ser mais famoso.

A pressão psicológica, a busca pelo perfeito ou que tenha grandes efeitos públicos, lançar tendências e manter-se sempre em alta, tudo isso geram as dependências como: uso de cigarros, bebida alcoólica ou até mesmo drogas ilegais. Além dos efeitos psicológicos e emocionais.

A internet trouxe seus benefícios de conexão e junção de pessoas por todo o mundo, possibilitando facilidade de comunicação e interação, já a rede social veio como complemento e base para a evolução da plataforma. Hoje percebemos que somos alvos dessas redes sociais, que nos metralham de informações e padrões culturais.

Temos a total liberdade para a troca de informações postadas na internet, porque como já diziam os estudiosos de comunicação: a internet é a possibilidade infinita da troca de informações dos emissores e receptores. Assim, podemos expôr nossas opiniões e tentar combater a cada dia o que achamos abusivo e ofensivo.

O problema é quando toda essa tecnologia passa passa a ser ditadora e vista como essencial na vida, onde há imposições como tipos de beleza e padrões sociais. Portanto, no fim diante desta vitrine considerada perfeita, estão pessoas implorando por fama, que na realidade precisam muito mais de conselhos.