Você já se deparou com situações nas quais tinha todos os argumentos lógicos para escolher uma determinada alternativa, mas a sua “intuição” apontava para outra direção? Bem, essa “intuição” não apareceu do nada.

A nossa mente funciona por meio de associações e nem sempre trabalha de forma lógica com as informações relevantes disponíveis. E é por isso que episódios como esses – e decisões equivocadas – acontecem frequentemente.

Estamos falando dos vieses inconscientes e eles são mais comuns do que imaginamos. Na verdade, influenciam nossas decisões diárias, além de serem capazes de atrapalhar nosso julgamento.

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O que são os vieses inconscientes?

Os vieses inconscientes são, geralmente, definidos como tendências ou preconceitos de um indivíduo a favor ou contra uma coisa, uma pessoa ou um grupo. Eles surgem tendo em vista nossos julgamentos, pensamentos e ideias relacionados a experiências passadas armazenadas no cérebro. 

Sendo assim, os vieses ocorrem a partir de um processo neurológico que acontece no hipocampo e que, sem que percebamos, afetam as nossas atitudes. Tratam-se, basicamente, de barreiras sigilosas e obstáculos invisíveis. 

Além disso, podemos entendê-las como generalizações baseadas em estereótipos de raça, classe, etnia, idade, gênero, orientação sexual e outros. São os preconceitos enraizados e difíceis de reconhecer.

Os padrões mentais

Tais crenças foram incorporadas sem nos darmos conta disso, porém, acabam por ditar o nosso comportamento de forma quase que “natural”. E isso ocorre a todo o momento. Para isso, vamos utilizar os processos de seleção para uma vaga de emprego como exemplo.

Ao se deparar com dois currículos muito semelhantes de uma pessoa branca e outra negra, ou de um candidato homem e uma candidata mulher, o recrutador terá uma “preferência”. Ou seja, mesmo que estes dois últimos tenham mais competência para o cargo, é mais provável que selecionem a pessoa branca e o homem para o trabalho.

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Entretanto, isso não significa que ele deliberadamente pensou que, por ser homem ou por ser branca, essa pessoa seria melhor para assumir as responsabilidades daquele trabalho. Na verdade, ao fazer um julgamento automático, ele agiu “sob controle” dos preconceitos incorporados que carrega – assim como todos nós.

Nossas atitudes e pensamentos são, em grande parte das vezes, guiadas por padrões mentais sistemáticos e não por julgamentos racionais. E isso está diretamente ligado à exclusão social de grupos minorizados e à discriminação étnico-racial, de classe, de gênero, de orientação sexual e de pessoas com alguma deficiência física. 

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Como lidar com os vieses inconscientes

É importante notar que todos nós somos “enviesados”, ou seja, suscetíveis aos vieses, pelo simples fato de sermos humanos. Eliminar completamente esses vieses é muito difícil, afinal, eles são da natureza humana, mas podemos, com certeza, minimizar os seus efeitos.

O primeiro passo para reprogramarmos nossa mente é aceitarmos que possuímos tais barreiras. Não é “errado” possuí-las, mas sim negá-las por puro “auto preconceito”. Não tenha vergonha de reconhecer esses padrões.

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Assumir os vieses nos possibilita ficar atentos para identificar raciocínios e situações do nosso dia a dia em que esses preconceitos estão a comandar nosso pensamento ou postura.

Trata-se de um exercício constante de reflexão. Não pense que conseguirá mudar esses pensamentos de um dia para o outro, entretanto, é possível com o tempo melhorar a forma como lidamos com eles.

O impacto no trabalho

Como mencionado anteriormente, tais crenças involuntárias afetam a nossa rotina, porém, possuem um impacto devastador no ambiente de trabalho. Os vieses inconscientes afetam o julgamento racional e leva adiante preconceitos invisíveis.

Nesse sentido, é fundamental a implantação de programas de Diversidade e Inclusão, por exemplo, e realizar práticas ou dinâmicas que proponham reflexões a respeito dessas crenças incorporadas.

Para termos um mercado de trabalho realmente diverso e inclusivo, precisamos fazer o exercício diário de fugir do pensamento fácil e automático. Dessa forma, é necessário sair da zona de conforto e passar a questionar sempre a nossa primeira impressão sobre alguém. 

Em qualquer área da vida, é fundamental atuarmos com empatia, mesmo que isso signifique duvidar das próprias conclusões para digerir opiniões e ideias diferentes das suas. E essa não é uma tarefa fácil.

Entretanto, apostar na diversidade e homogeneidade é um caminho para lidar com os vieses inconscientes. Dessa forma, será possível prosperar em todos os âmbitos de nossas vidas, afinal, retomamos o controle de nosso julgamento.

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1 COMENTÁRIO

  1. Muitas vezes, as pessoas “incorporam” convenções sociais, deixando de mostrarem suas competências, como bem foi mostrado na Residência Médica de um autista, em The Good Doctor, que graças ao seu Diretor, o Médico mostrou sua competência e “enfrentou” seus colegas “normais”! Joaquim Barbosa, recebeu essa “alfinetada” de um repórter “fiel” a segmentação de classe social e etnia, sobre os preconceitos, com a resposta, de que ele chegou a Ministro do STF, Sem usar nenhum sistema de cotas e, opinião pessoal dele – frisou – que se sente realizado de poder ter competido em igualdade com os demais candidatos a processos seletivos, ainda que tenha vindo de família humilde! Finalizo, que como seria interessantíssimo termos Joaquim Barbosa, como Efetiva terceira via, a eleição presidencial!

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