O racismo estrutural, caracterizado por padrões de desigualdade, discriminação e exclusão enraizados nas estruturas da sociedade, exerce um impacto profundo e negativo na saúde mental de pessoas negras. Este impacto vai além de atitudes individuais, manifestando-se em políticas, leis e práticas institucionais que perpetuam a marginalização e o trauma. 

No entanto, o racismo é alimentado pela crença na superioridade branca colonialista e pelas ideias eurocêntricas, o que resulta na criação de lugares sociais específicos, na exclusão de outras histórias e na negação da humanidade das pessoas negras.

O que é considerado preconceito racial e como ele se manifesta? 

O preconceito racial é quando fazemos julgamentos sobre pessoas com base em estereótipos relacionados ao grupo racial a que elas pertencem, podendo ou não levar a atitudes discriminatórias. 

Uma das formas mais terríveis de racismo é manifestada nos altos números de violência. No Brasil, temos uma história de 300 anos de escravidão de pessoas negras, o que deixou na mente coletiva da sociedade uma mentalidade que marginaliza essas pessoas.

Em 2021, o Brasil registrou 6.003 casos de racismo. No entanto, as taxas elevadas de homicídio têm como principal vítima a população negra devido ao racismo estrutural.

O que é racismo estrutural?

O racismo estrutural é uma consequência da própria forma como a sociedade está organizada, ou seja, é parte do jeito “normal” como as relações políticas, econômicas, legais e até familiares são estabelecidas.

Esse fenômeno, no entanto, opera em parte devido ao privilegio branco, um sistema que beneficia os brancos em detrimento das pessoas de cor. Logo, este fator afeta várias esferas da vida, incluindo educação, emprego, moradia e justiça.

Contudo, no Brasil, o racismo estrutural se manifesta colocando as pessoas negras como o grupo racial mais vulnerável à morte por homicídio. Nos últimos dez anos, 408.605 pessoas negras foram assassinadas de forma violenta, representando 72% de todos os homicídios no país, o que reduz a expectativa de vida dessa população.

Como é a saúde mental de pessoas negras no Brasil?

Antes da reforma psiquiátrica no Brasil, os manicômios eram instituições que perpetuavam uma lógica racista, resultando no aprisionamento injusto da população negra ao longo dos anos. Muitas vezes, não havia diagnóstico médico adequado para justificar qualquer tipo de tratamento.

O racismo tem um impacto profundo na saúde mental, causando sofrimento devido à sensação de exclusão, falta de pertencimento e diversas formas de violência enfrentadas pela população negra brasileira. Além disso, a falta de acesso adequado aos tratamentos agrava ainda mais esse impacto negativo na saúde mental dessas pessoas.

Apesar disso, o racismo estrutural dificulta o avanço profissional das pessoas negras, já que a inclusão delas no mercado de trabalho ainda é um desafio significativo. 

A desigualdade no mercado de trabalho

O caminho para garantir igualdade de oportunidades ainda é longo. Muitos trabalhadores negros estão na informalidade, sem acesso a proteções sociais básicas. Além disso, a remuneração média dos trabalhadores negros é 45% menor do que a dos trabalhadores brancos. 

A exposição ao racismo no ambiente de trabalho tem sérias consequências para a saúde mental das pessoas negras no Brasil. Entretanto, presenciar conhecidos ou até estranhos enfrentando racismo pode afetar a saúde mental de uma pessoa negra, mesmo sem vivenciar diretamente o racismo ao longo da vida.

Isso ocorre porque a sensação de insegurança e medo, imaginando que poderia ser a próxima vítima, pode se instalar no seu subconsciente. Chamamos isso de trauma vicário, que ocorre quando você não é diretamente vítima de uma violência, mas testemunha alguém passando por ela.

Como podemos começar a mudar o racismo estrutural? 

O racismo estrutural tem um impacto significativo na saúde mental da população negra, afetando-os de várias maneiras. Isso destaca a importância de discutir e reconhecer os efeitos do racismo no dia a dia dessa parte da população, já que tanto discriminações explícitas quanto sutis podem causar estresse e traumas. 

Portanto, os traumas, quando acumulados ao longo do tempo ou vivenciados de forma intensa, podem resultar em transtornos psicológicos.  Nesse caso, o fortalecimento e a criação de políticas públicas que garantam os direitos da população negra de forma abrangente são fundamentais.

Dessa forma, podemos contribuir para a redução das desigualdades e o fortalecimento de oportunidades garantindo acesso equitativo à educação de qualidade, incluindo uma abordagem inclusiva.

O racismo estrutural te afeta?

Se você sente que está enfrentando o peso das experiências de discriminação racial, microagressões ou traumas relacionados ao racismo, saiba que não está sozinho.

A psicoterapia pode fornecer um espaço seguro e acolhedor para explorar e processar esses sentimentos complexos. Conversar com um psicólogo pode ajudá-lo a entender como o racismo afeta sua vida, oferecendo apoio emocional, estratégias de enfrentamento e ferramentas para autocuidado.

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