Seja no jornal, nos noticiários da TV ou nos sites de notícias, o tema é monotemático: coronavírus (Covid-19). Não importa para onde você tente fugir, esse assunto estará presente. Essa pandemia tomou conta do mundo e irá demorar até que mudem o foco dessa nova doença.

Escolas, empresas, museus, teatros, competições esportivas, fronteiras, etc. Ou elas estão fechadas ou estão tentando encontrar saídas para o enfrentamento desse micro-organismo, que está fazendo o mundo se curvar.

Dessa forma, os órgãos internacionais e nacionais tentam estabelecer uma estratégia de contenção de riscos para evitar o desespero generalizado. A tática adotada pretende munir a todos, indistintamente, com as informações mais próximas da realidade, sem criar um momento de convulsão comportamental e emocional.

“Não entrem em pânico”

Uma frase repetida à exaustão é “não entrem em pânico”. Realmente, temos que tomar muito cuidado com a excessiva sugestionabilidade do comportamento coletivo, mas não podemos ignorar a ansiedade frente aos medos do desconhecido, a depressão pelo isolamento e as incertezas do futuro.

Nesse sentido, é importante ressaltar que os estados emocionais do complexo comportamento humano sofrem com uma desmedida dor que pode desencadear reações em série. Por isso, a situação atual é preocupante.

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Estamos lidando com diversos componentes que complicam essa situação e agravam o nosso estado emocional. Acompanhar a progressão geométrica do Covid-19 nos indivíduos infectados, ver pessoas com máscaras (sem real necessidade) e presenciar prateleiras de supermercados vazias, somente intensificam o sentido de desespero.

Dessa forma, fica difícil entender quais comportamentos são racionais e quais são as consequências emocionais que tudo isso vai provocar, transformando-se em mais uma incógnita a ser resolvida.

Nesse momento, é importante lembrar que o sistema imunológico reage a todas essas emoções que estamos vivenciando. O estresse, o medo, a ansiedade, a depressão, e a angústia das incertezas contribuem para a vulnerabilidade e a queda de defesas do organismo, abrindo um caminho de possibilidades para o adoecimento.

E os psicólogos?

Os profissionais da saúde estão totalmente mobilizados nessa guerra. Vemos constantemente médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, laboratórios, hospitais, unidades básicas de saúde empenhados nessa luta diária para combater o Covid-19. Mas, onde estão os psicólogos nisso?

Por dever ético humano e pelo senso de coletividade, também cabe a nós o ato de cuidar. Temos que nos fazer presentes nesse contexto, sendo lembrados enquanto profissionais de saúde e tendo atitudes e ações pertinentes. Precisamos tratar da saúde emocional dos pacientes, de seus familiares e das equipes clínicas que estão na linha de frente. Somos todos cuidadores.

Enquanto profissionais do comportamento humano, individual e coletivo, temos que nos mobilizar, ajudando em todas as frentes de saúde. Sendo assim, é necessário repetir exaustivamente as orientações de saúde emitidas pelos órgãos competentes e autoridades sanitárias.

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Além disso, é fundamental acolher os pacientes, familiares e cuidadores com uma escuta qualificada para conter os medos e os pensamentos infundados. Dessa forma, procura-se defender a cautela e o bom senso, objetivando o equilíbrio no comportamento.

Nessa hora, os profissionais e estudiosos do comportamento humano precisam ser ouvidos nas casas das pessoas, nas instituições e nas empresas. Sendo assim, a fala dos psicólogos precisa estar em consonância com todas as emoções que estão fazendo parte desse momento.

Intervenção do psicólogo no Covid-19

O trabalho dos profissionais de psicologia é fundamental em tempos de pandemia. Por conta disso, são diversas as formas de atuação que podem beneficiar a sociedade. Nesse sentido, separei algumas delas:

  • Acolher, orientar, informar, apontar as emoções envolvidas e tratar dos casos necessários de forma pontual;
  • Ensinar que todas esses emoções e sentimentos são compatíveis com o comportamento humano e são passageiras;
  • Ensinar saídas para o período de maior estresse, ansiedade e medo;
  • Transformar essa experiência em aprendizado positivo e fonte de crescimento e autoconhecimento;
  • Explicar que não há razão para atos discriminatórios ou preconceito por medo de contaminação das pessoas;
  • Evitar, na medida do possível, o bombardeio de informações, que elevam a ansiedade e geram preocupação e estresse;
  • Apontar e pesquisar fontes confiáveis;
  • Impedir que pessoas contaminadas sejam rotuladas, tomando cuidado para não desumanizar o indivíduo;
  • Orientar as crianças a lidar com as emoções desconhecidas e a perda das atividades rotineiras;
  • Recomendar paciência com os idosos;
  • Recomendar que os pacientes não deixem de tomar os remédios para as doenças de base e tomar cuidado para não se automedicar;
  • Intensificar as informações sobre as práticas de higiene e a etiqueta.

Além disso, é importante encontrar soluções para evitar o estresse desse período. Realizar exercícios físicos, assistir filmes, ler um bom livro, fazer atividades manuais, ter o sono em dia e possuir uma alimentação saudável ajudam a preservar a saúde física e mental.

Ainda, é válido ressaltar que o atendimento psicoterapêutico online já é uma realidade. Então, se tiver necessidade de atendimento pontual para suporte ou melhor compreensão das informações e sentimentos, a Telavita está presente para o que for preciso.

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Psicóloga formada em 1982, me especializei em Psicoterapia Breve e Psicologia Hospitalar, tendo feito mestrado em Psicologia da Saúde. Toda minha vida profissional foi fundamentada numa postura ética humana, tendo trabalhado como psicoterapeuta (analítica dinâmica) em meu consultório, psicologia oncológica e psicologia hospitalar (UTI de adultos - politrauma, cardiologia e neurologia), sala de Emergência (atendendo tentativas de suicídio por intoxicação e dependência química) e também atuado como professora de Psicologia Educacional, em escolas estaduais no início de carreira, nas Faculdades Oswaldo Cruz (curso de especialização em Oncologia) e na UNICID (matéria de toxicologia clínica na Faculdade de Medicina e Psicologia Forense na Faculdade de Direito). No hospital fui Chefe da clínica de Psicologia Hospitalar (por três anos) e na clínica de oncologia coordenei a equipe multiprofissional. Atualmente atendo clinicamente, e desenvolvo um trabalho de mentoria.

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