A puberdade é uma fase que marca um período de transição repleto de mudanças físicas, emocionais e sociais significativas. No entanto, durante este marco, surgem uma série de mudanças hormonais que influenciam nas prioridades e desejos dos adolescentes.

Contudo, explorar os impactos emocionais da puberdade torna-se crucial para entender melhor as complexidades dessa fase de desenvolvimento e para fornecer o suporte necessário para que os adolescentes atravessem essa jornada com mais resiliência e compreensão.

Adolescência, puberdade e saúde mental

A adolescência é a época em que a maioria das doenças mentais começam a surgir. Sabe-se que, metade dos problemas de saúde mental começa aos 14 anos e 75% aos 24 anos. Então, existe uma conexão entre puberdade e saúde mental?

Na puberdade, os adolescentes começam a desejar mais independência, a se distanciar da família e a descobrir um senso de identidade. Porém, isso nem sempre é fácil; as mudanças dramáticas na puberdade também podem desencadear volatilidade nos comportamentos, atitudes e humor dos adolescentes.

Como resultado, os adolescentes são mais vulneráveis ​​a problemas comportamentais e de saúde mental. 

Por que as doenças mentais aumentam durante a puberdade?

As doenças mentais podem aumentar durante a puberdade devido a uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Entretanto, existem várias teorias em torno da ligação entre puberdade e saúde mental. Estes incluem, mas não estão limitados a:

Mudanças hormonais

Os níveis hormonais têm sido associados a distúrbios de saúde mental, como exemplificado por uma investigação que descobriu uma ligação entre o aumento do estrogênio – que ocorre dramaticamente nas meninas durante a puberdade – e a depressão.

Isso se deve ao fato de que o estrogênio influencia os níveis de serotonina, um neurotransmissor associado ao bem-estar emocional, e baixos níveis de serotonina podem desencadear sintomas depressivos. 

Logo, é importante ressaltar que os hormônios também apresentam flutuações durante a adolescência, podendo contribuir para confusão mental, ansiedade, baixa autoestima e alterações de humor.

Mudanças sociais estressantes

Na puberdade, os adolescentes estão enfrentando não apenas mudanças fisiológicas, mas também experienciando transformações significativas em suas relações e responsabilidades sociais. 

Por exemplo, priorizam a integração em grupos de amigos em detrimento dos relacionamentos familiares, muitas vezes baseando sua autoestima na percepção dos colegas. Além disso, estão iniciando a exploração das relações sexuais durante a puberdade, o que pode ser extremamente estressante enquanto desenvolvem e exploram suas identidades. 

Puberdade precoce

A idade média da puberdade tem diminuído drasticamente. Atualmente, o início da puberdade pode ocorrer já aos 8 anos nas meninas e aos 9 anos nos meninos (contra 13 e 14 anos, há cinquenta anos). Além disso, algumas crianças se desenvolvem ainda mais cedo. Como resultado, a puberdade precoce está associada a maus resultados de saúde mental. 

De acordo com uma pesquisa, meninas e meninos que se desenvolvem mais cedo têm maior probabilidade de enfrentar depressão, ansiedade, problemas de abuso de substâncias, distúrbios alimentares e um aumento do risco de suicídio.

Esses impactos negativos podem ser atribuídos ao sentimento de deslocamento. Aquelas que se desenvolvem precocemente podem parecer diferentes das outras crianças e, portanto, sentirem-se constrangidas ou isoladas e incapazes de falar sobre isso.

Desenvolvimento cerebral

O cérebro do adolescente não está totalmente desenvolvido. Na verdade, o cérebro não se desenvolve completamente até a pessoa ter vinte e poucos anos (em média). 

Especificamente para os adolescentes, o córtex pré-frontal – a parte do cérebro responsável pelo pensamento racional, pelo controle emocional e pelo desempenho comportamental – ainda não amadureceu completamente. Como resultado, os adolescentes que passam pela puberdade muitas vezes têm emoções avassaladoras e fora de controle. 

Eles ainda não têm plena capacidade mental para lidar com suas emoções, o que pode ser muito difícil. Pode causar sentimentos aumentados de irritabilidade, raiva e estresse.

Desenvolvimento físico

Algumas pesquisas também apontam o desenvolvimento físico como causa da conexão. Especificamente, uma pesquisa descobriu que o desenvolvimento físico experimentado durante o meio da puberdade aumentou as taxas de depressão, mais do que qualquer outro fator estudado.

Como os pais podem diferenciar a puberdade e os problemas de saúde mental?

Como a puberdade é frequentemente acompanhada por alterações de humor, resistência e comportamentos irracionais, pode ser difícil para os pais distinguir entre comportamentos “normais” dos adolescentes e um problema de saúde mental. Portanto, pode ser difícil saber quando um adolescente precisa de ajuda profissional.

De modo geral, o excesso pode ser um indicador chave para determinar o que é normal e o que indica um transtorno de saúde mental. Mais uma vez, a puberdade pode causar alterações de humor, afastamento da família, maior risco e mudança de aparência na adolescência. No entanto, não deve causar:

  • Desafio excessivo e criação de problemas, como ter problemas com a lei, faltar às aulas ou uso contínuo de substâncias;
  • Raiva excessiva ou comportamentos violentos;
  • Tristeza ou ansiedade persistente;
  • Mudanças drásticas nos hábitos de sono ou alimentação e/ou saúde geral.

Como responsável, você pode determinar se o adolescente está com problemas de saúde mental fazendo perguntas em casa. Eles estão bem na escola? De que forma eles se sentem em relação aos amigos? Eles têm pessoas em quem confiam e com quem podem conversar na escola? Mantenha essas conversas abertas e fluidas.

Se você acha que seu filho está enfrentando um problema de saúde mental, continue lendo para saber mais sobre o tratamento.

O papel dos pais na saúde mental dos filhos

Repetidamente, pesquisas mostram que os pais podem fazer uma diferença incrível no que diz respeito à saúde mental de seus filhos. Por exemplo, os pais podem ajudar os seus filhos a desenvolver respostas saudáveis ​​ao stress, o que pode mitigar significativamente o risco de problemas de saúde mental.

Os pais também podem desempenhar um papel fundamental ajudando seus filhos a lidar com problemas de saúde mental da seguinte forma:

  • Ouvindo ativamente o filho, sem julgamento ou punição;
  • Estando presente e envolvido no dia a dia;
  • Incentivando conversas abertas, honestas e confiáveis ​​em casa;
  • Criando um ambiente doméstico estável, seguro e previsível;
  • Validando e defendendo os sentimentos de seus filhos adolescentes;
  • Estabelecendo um plano de intervenção;
  • Procurando ajuda profissional quando necessário.

Psicólogos para adolescentes

Todavia, se seu filho está enfrentando algum problema de saúde mental que você considera grave, procurar um profissional é essencial. Na Telavita, oferecemos acesso conveniente a psicólogos especializados em ajudar adolescentes a enfrentar desafios emocionais durante a puberdade. 

Não deixe que as dificuldades emocionais prejudiquem o bem-estar do seu filho. Agende uma consulta na Telavita hoje mesmo e dê o primeiro passo para ajudá-lo a superar esses obstáculos e prosperar em sua jornada de desenvolvimento. Seu filho merece apoio profissional e especializado para alcançar uma saúde mental equilibrada.

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Desde que me formei em Psicologia em 2002, já iniciei meus atendimentos em consultório, onde estou até hoje. Logo em seguida fiz cursos na área clínica em Gestalt-Terapia e Psicoterapia Existencial. Dediquei-me também aos estudos de mestrado e doutorado voltados a Psicologia Social, Sexualidade e Envelhecimento. Além disso, sou plantonista voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) desde 1998, prestando apoio emocional, psíquico e prevenção do suicídio. É importante mencionar que atuei cinco anos como Psicólogo Clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Quando solicitado, palestro em escolas, ONGs, etc. Em 2013 lancei o livro "Travestis Envelhecem?" e em 2017 o meu segundo, intitulado "Homofobia Internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo" ambos pela editora Annablume. Atuo como Psicólogo voluntário em uma ONG que presta amparo ao LGBTQIAP + idoso dentre outras. Também leciono no Centro Universitário São Roque. Atendimento a partir dos 18 anos de idade.

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