Ciúmes. Quantas vezes já não escutamos alguma história de briga entre casais por conta desse sentimento? Trata-se de uma questão pouco compreendida entre as pessoas ainda e que leva a discussões constantes e desgaste desnecessário.

Ao longo dos anos, já acompanhei diversos casos em que este sentimento paralisa a vida de ambos os pares dentro do relacionamento. Inclusive, muitos procuram ajuda, pois estão no limite e ficam em dúvida se terminam a união ou não.

Aliás, quem nunca escutou a frase “Ciúmes é bom para a relação”? É complicado comentar essa afirmação, porém, definitivamente o excesso dele atrapalha os casais. Aliás, quando essa questão começa a interferir negativamente no relacionamento – de forma que atrapalhe a convivência dos dois – surge o ciúme patológico.

E não se engane: os ciumentos patológicos são pessoas normais, mas que são simplesmente ciumentas. O problema, no entanto, é que muitas pessoas ignoram o fato de que isso causa muito desconforto na vida de seus parceiros. Sendo assim, temos uma situação que precisa ser tratada com seriedade e com os recursos necessários.

Afinal, o que é ciúmes?

O ciúme é uma emoção humana, universal e que existe em diversas culturas. O ciúme normal é um sentimento natural de todos os indivíduos em que você expressa emoções relacionadas ao medo de perder a pessoa amada.

Entretanto, na maioria das vezes, trata-se de algo transitório e está relacionado a casos específicos. O ciúme natural possui uma intensidade normal para essas situações e tem como função cuidar e proteger as pessoas que gostamos.

Existe ciúmes doentio? Entenda o ciúme patológico

No entanto, também existem os casos em que os ciúmes aparecem de forma excessiva – e é aqui que começamos a enxergar alguns problemas. Sendo assim, o indivíduo começa a criar fantasias, crenças e certezas que só existem em sua imaginação.

Para tais situações, criou-se a expressão “ciúmes patológicos”. Nesse sentido, trata-se de uma intensificação da emoção humana natural e presente em muitas relações, ou seja, uma potencialização do ciúme. Dessa forma, essa potencialização é caracterizada pela dificuldade de distinguir entre o real e o imaginário.

LEIA MAIS: 5 sintomas de ciúme patológico: Quando sentir ciúme se torna doentio?

O ciúme doentio gera necessidade de posse e controle do seu parceiro e, principalmente, o controle do comportamento e dos sentimentos daquela pessoa. Sendo assim, acaba causando sofrimento tanto para a pessoa que está sentindo quanto à pessoa que virou a vítima deste sentimento.

Sinais do ciúme patológico

Existem diversos comportamentos que indicam o ciúme patológico, porém não pretendo estigmatizar tais atitudes como algo definitivo. Somente cito estes para uma reflexão e sinal de alerta para quando presenciar essas condutas.

– Telefonar inúmeras vezes por dia e não aceitar que a pessoa não possa atender sempre;

– Implicar com vestimentas;

– Interrogar sobre o passado;

– Seguir a pessoa ou contratar detetives;

– Checar redes sociais e contas telefônicas;

– Perguntar a mesma coisa muitas vezes e de várias maneiras;

– Provocar horas e horas de debates e discussões sobre a quantidade de amor não retribuído que demonstra.

Exemplificação do ciúme doentio

Para ajudar ainda mais a compreensão do tema, irei trazer um exemplo bem ilustrativo. Então, vamos imaginar o seguinte cenário de relacionamento: o homem acredita que a sua fiel namorada o trai sempre que consegue ficar sozinha. Nesta história, essa mulher não trai o seu namorado, mas, para ele, isso é impensável, pois a traição é real sob seu olhar.

O homem, então, busca justificar a suposta traição a partir de ações da sua parceira que não comprovam essa ideia delirante, porém, para ele, justificam o que pensa. Dessa forma, quando ele vê a sua parceira conversando com um amigo, já pensa que se trata de um amante.

Neste momento, podem surgir os prejuízos provocados por essas concepções sem sentido. Sendo assim, o namorado pode começar a se enraivecer e se comportar de maneira ríspida para com os amigos dela, pois acredita apenas nas suas próprias interpretações sobre o fato.

Nesse sentido, o momento que poderia ser divertido entre amigos termina de maneira negativa e, às vezes, até de maneira muito agressiva. E quando o casal se retira do ambiente, geralmente, a briga prossegue com agressões verbais e até físicas, em alguns casos.

A importância do tratamento

Em muitos casos, é até fácil identificar o ciumento patológico, porém, o mais complicado é iniciar o tratamento. Aliás, grande parte das pessoas é resistente quando a isso. Dessa forma, ficam em negação e não concordam que existe uma patologia e, muito menos, aceitam ajuda.

Quem sofre com ciúme patológico acaba sendo prejudicado, principalmente, no seu convívio com o parceiro, além de prejudicar as relações com amigos e familiares. Aliás, muitos relacionamentos duradouros são interrompidos quando uma das partes ignora o problema e não procura tratamento, por isso, é fundamental buscar assistência capacitada.

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Dessa forma, quando o momento da negação passar, é importante procurar ajuda profissional, pois, assim, será possível identificar a origem do problema. A psicoterapia é um processo focado em ajudar o paciente que precisa resolver esta questão. Esse procedimento se mostra bastante efetivo no tratamento do ciúme patológico, tendo em vista que o sentimento obsessivo é um dos principais fatores que afeta a pessoa.

A terapia funciona como um significativo instrumento de mudança e de alívio deste sofrimento. O processo terapêutico auxiliará a pessoa na formulação de hipóteses sobre o porquê desse sofrimento, como ele se desenvolveu e quais as necessidades a serem tratadas.

Além disso, é um momento também de perceber os casos em que drogas, bebidas ou outros transtornos comportamentais estejam envolvidos. Nesses casos, é recomendado um tratamento medicamentoso em auxílio ao procedimento psicológico.

Aliás, vale ressaltar o papel da terapia cognitiva-comportamental, uma das possíveis abordagens psicológicas utilizadas. Nesse tratamento, o processo irá auxiliar o indivíduo a se conscientizar de seu conflito, a conhecer os sintomas e desenvolver estratégias para buscar diminuí-lo ou acabá-lo ao longo do tratamento.

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