Quanto tempo, em média, você passa com os olhos vidrados em uma tela de celular? Eu não sei você, mas o brasileiro, em média, passa 4 horas e 48 minutos de seu dia conectado, segundo dados de um levantamento da empresa de estatísticas Statista, de 2016. Esquecer o celular em casa, para muita gente, pode ser estressante e comprometer toda a sua rotina, afinal, esses pequenos aparelhos já se tornaram uma extensão do próprio corpo.

O problema é que a necessidade em estar sempre com o celular em mãos pode desencadear o vício, a perda do momento presente que acontece ao redor, o distanciamento das pessoas e até falta de atenção com o que ocorre. Cansados de assistir rodas de amigos interagirem apenas com os seus celulares, alguns bares e restaurantes decidiram bloquear o uso da rede de wifi para seus clientes. A atitude também inspirou os próprios grupos de amigos que, ao perceberem que prestavam mais atenção nos celulares do que no que o outro estava dizendo ali, bem na sua frente, criaram a regra de “quem pegar o celular, paga a rodada”. Mas, para quem possui nomofobia, essa medida pode ser um verdadeiro suplício.

O que é nomofobia?

Conforme o mundo muda e as tecnologias avançam, toda a estrutura social, física e psicológica também é alterada, de modo que novos transtornos, como a nomofobia, ganhem espaço. Muita gente ainda não está familiarizado com a nomofobia e o seu significado. Com base na língua inglesa, esse transtorno é uma abreviação, do inglês, para no-mobile-phone phobia, e  podemos compreender que a nomofobia é o medo irracional de estar sem o aparelho celular, de modo que sintomas físicos e psicológicos apareçam e tirem o indivíduo de seu estado normal com a ausência de seu vício.

Para entender melhor, vamos relembrar o que é fobia. Na psicologia, ela é um transtorno de ansiedade classificado como transtorno fóbico-ansioso no CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde). A condição já atinge cerca de 20% da população mundial, segundo o Instituto Nacional de Saúde americano.

Existem diversos tipos de fobias, “As fobias específicas são o tipo mais comum de transtorno de ansiedade. As pessoas que têm uma fobia específica evitam as situações ou os objetos específicos que desencadeiam sua ansiedade ou medo, ou os suportam sob intensa angústia, o que algumas vezes resulta em ataque de pânico. No entanto, reconhecem que sua ansiedade é excessiva e, por essa razão, estão conscientes de que têm um problema”, aponta o Manual MSD.

Pessoas fóbicas sentem tanto medo que evitam determinadas situações, pessoas e lugares para não se expor ao perigo. Quando expostos ao objeto causador da fobia, esses indivíduos apresentam uma série de sintomas físicos: falta de ar, taquicardia, tremedeira e ataques de pânico“, explica a SBIE (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional). Trazendo o conceito para a nomofobia, entende-se que a situação se aplica quando o indivíduo não está com o celular nas mãos ou por perto e sente-se irritado, angustiado e ansioso.

Vício em celular

Quando se fala em vício, a primeira coisa que vem à cabeça é o álcool e as drogas. Porém, o que muita gente esquece é que o vício não se limita somente a isso, mas à uma série de fatores que fazem desse problema muito mais profundo. A palavra vício, no dicionário Aurélio, significa: Tornar mau, pior, corrompido ou estragado; alterar para enganar; corromper-se, perverter-se, depravar-se. Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma doença física e psicoemocional.

A psicologia vai mais à fundo e investiga não só as consequências, mas também as motivações, origens e características do vício e de seus dependentes. A área também entende o vício como um mecanismo de fuga emocional que visa a obtenção de prazer e extinção da dor.

O que caracteriza um vício?

O limite entre um hábito e o vício está nas consequências que eles causam na vida da pessoa. O vício afasta o indivíduo de sua essência e faz com que foque mais na obtenção do prazer através da dependência do que na vida que antes levava, nem que isso signifique se afastar de amigos e familiares, mentir, se prejudicar no trabalho e mudar completamente o curso de suas ações, objetivos e sonhos.

Ou seja, no caso da nomofobia, o vício no celular pode:

  • Fazer com que o indivíduo perca o interesse por outras atividades;
  • Isolar do convívio social;
  • Prejudicar o rendimento no trabalho;
  • Causar irritabilidade, angústia e raiva na ausência do celular;
  • Causar transtornos psicológicos;
  • Entre outros.

A Universidade Estadual de São Francisco, na Califórnia (EUA), realizou um estudo no qual se constatou que o vício em smartphones forma conexões neurológicas parecidas com as de viciados em opiáceos. O vício em internet e em redes sociais assusta. A empresa de marketing Digital Clarity fez um levantamento em que  16% admitem gastar mas de 15 horas por dia na internet.

Como se livrar de um vício?

Nomofóbicos assumidos, ou não, devem procurar ajuda, afinal, a nomofobia se trata de um transtorno que precisa ser acompanhado e tratado. Ficar sem celular pode desencadear diversas sensações prejudiciais tanto para o paciente quanto para aqueles que o cercam. O caminho mais recomendado para o tratamento de nomofobia é o acompanhamento psicológico, pois o profissional, além de investigar as origens do problema, também irá traçar técnicas para que a dependência emocional termine. Essa dependência emocional é atrelada ao que o indivíduo sente quando consome a fonte de seu vício. Alguns alegam sentir-se mais confiantes, interessantes e sociáveis quando em contato com o álcool, drogas, etc.

É preciso desassociar a ideia positiva que o vício traz, e para isso, o psicólogo usará de muitos métodos para conseguir atingir esse objetivo. Além disso, irá tratar os efeitos causados pela dependência, como a depressão, ansiedade, baixa autoestima, dentre outras consequências psicológicas que o vício acarreta.

 

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