A desigualdade social tem um impacto significativo nos resultados da saúde mental. Nos Estados Unidos, um estudo de 2020 do Pew Research Center constatou que pessoas de baixa renda têm mais probabilidade de relatar problemas psicológicos.

Contudo, isso acontece devido a fatores como acesso limitado a cuidados de saúde mental de qualidade, estresse financeiro crônico e a falta de recursos para enfrentar os desafios emocionais. 

Por que a desigualdade social afeta o psicológico?

A relação entre desigualdade social e saúde mental está intimamente ligada ao estatuto socioeconômico, uma vez que as pessoas provenientes de meios socioeconômicos mais baixos têm maior probabilidade de sofrer de problemas de saúde mental do que as pessoas provenientes de meios socioeconômicos mais elevados. 

Todavia, isto deve-se a uma série de fatores, onde o baixo nível de escolaridade é provavelmente o mais importante. Além disso, o analfabetismo sanitário, o acesso limitado aos cuidados de saúde devido a barreiras estruturais, a instabilidade habitacional e a exposição a ambientes estressantes também são fatores importantes.

Dessa forma, a desigualdade social afeta o psicológico ao gerar estresse crônico, ansiedade e depressão devido à falta de recursos e oportunidades. Além disso, a discriminação e o estigma resultantes contribuem para baixa autoestima e isolamento social. 

Como os ambientes estressantes contribuem para a falta de saúde mental?

Ambientes estressantes desempenham um papel crítico na deterioração da saúde mental. Desde a infância, a falta de acesso à educação de qualidade, o bullying motivado pela pobreza e a exposição a um risco ampliado de violência criam pressões psicológicas significativas.  

Na fase adulta, a persistência da pobreza pode resultar em endividamento crônico e dificuldades em arcar com despesas médicas, incluindo visitas a médicos e hospitalizações. 

Isso pode levar a um ciclo de auto estigmatização, onde as pessoas evitam cuidados de saúde por medo de não conseguir pagar. Além disso, a escassez de recursos financeiros e educacionais também influencia escolhas de estilo de vida pouco saudáveis, como a opção por alimentos mais baratos, mas menos saudáveis, impactando negativamente a saúde mental. 

Vida social e recursos financeiros

Outro ponto crucial na desigualdade social é a falta de recursos financeiros que impede alguém de ter uma vida social ativa. A interação social é uma necessidade humana fundamental, e quando essa necessidade não é atendida devido a restrições financeiras, isso pode levar a uma série de desafios emocionais.

Nesse sentido, ir ao cinema ou a cafés tem sido um luxo para muitos que lutam para sobreviver. A falta de recursos para participar de atividades sociais, como sair com amigos, participar de eventos ou viajar, pode levar a um forte isolamento social. 

Principalmente para os jovens e adolescentes, isso pode resultar em sentimentos de solidão, depressão e ansiedade, uma vez que a interação social é essencial para o bem-estar emocional e mental.

Desigualdade social e racismo

Além disso, o papel do racismo e da discriminação não deve ser subestimado quando se trata de preocupações de saúde mental. Pessoas que sofrem racismo ou discriminação têm maior probabilidade de sofrer de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental.

Isto pode dever ao estresse de lidar com a discriminação, bem como às desigualdades sistémicas que dela resultam. Ser pobre pode, em muitos casos, levar à discriminação.

A discriminação por causa da desigualdade 

As desigualdades sociais têm um grande impacto na saúde mental das pessoas. Isso significa que, dependendo de coisas como a sua raça, etnia, orientação sexual, gênero, quanto dinheiro você tem, o seu nível de educação e onde você mora, o acesso a cuidados de saúde mental e os resultados desses cuidados podem variar muito.

Isso acontece porque existem muitos fatores que influenciam a saúde mental de alguém. Coisas como quão bem de vida você é, quanto aprendeu, onde vive e até mesmo a sua genética podem tornar alguém mais ou menos propenso a desenvolver problemas de saúde mental.

Pesquisas mostram que, em todo o mundo, as pessoas com menos dinheiro têm mais problemas de saúde mental, mas não sabemos exatamente por que isso acontece. A doença mental está relacionada a várias formas de desigualdade, e as pessoas com doença mental muitas vezes enfrentam desafios adicionais. Se você é uma dessas pessoas, procure por ajuda profissional.

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Desde que me formei em Psicologia em 2002, já iniciei meus atendimentos em consultório, onde estou até hoje. Logo em seguida fiz cursos na área clínica em Gestalt-Terapia e Psicoterapia Existencial. Dediquei-me também aos estudos de mestrado e doutorado voltados a Psicologia Social, Sexualidade e Envelhecimento. Além disso, sou plantonista voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) desde 1998, prestando apoio emocional, psíquico e prevenção do suicídio. É importante mencionar que atuei cinco anos como Psicólogo Clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Quando solicitado, palestro em escolas, ONGs, etc. Em 2013 lancei o livro "Travestis Envelhecem?" e em 2017 o meu segundo, intitulado "Homofobia Internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo" ambos pela editora Annablume. Atuo como Psicólogo voluntário em uma ONG que presta amparo ao LGBTQIAP + idoso dentre outras. Também leciono no Centro Universitário São Roque. Atendimento a partir dos 18 anos de idade.

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