Em meio às intrincadas teias sociais que moldam nossa existência, o patriarcado emerge como um sistema de poder profundamente enraizado, permeando os alicerces da sociedade.

Enquanto se manifesta em diversas formas ao longo da história, sua influência se estende além das esferas políticas e econômicas, infiltrando-se também nas complexidades emocionais de quem sofre com este mal, no caso, as mulheres. 

Patriarcado: o que é?

O patriarcado é um sistema caracterizado pela maior concentração de poder e autoridade em figuras masculinas. No entanto, esse sistema tem sido predominante na sociedade há séculos e permanece sendo perpetuado até os tempos atuais. 

Todavia, além de impactar as estruturas sociopolíticas, o patriarcado gera desigualdade de oportunidades e interfere negativamente na qualidade de vida e no bem estar psicossocial das pessoas, principalmente das mulheres. 

Entretanto, apesar do progresso percebido ao longo dos anos devido a conscientização da importância da promoção da igualdade de gênero, os danos emocionais causados pelo patriarcado ainda são frequentes e extensos. 

Os impactos emocionais do patriarcado para quem é vítima

A imposição de papéis de gênero estritos e as estruturas de poder hierárquicas moldam uma narrativa emocional complexa, deixando cicatrizes emocionais profundas nas vítimas.

Desse modo, um dos impactos emocionais causados pelo patriarcado é o favorecimento da perpetuação de estereótipos de gênero.

Por exemplo, percebe-se comumente a expectativa de que homens se enquadrem em adjetivos como “fortes” e “independentes” enquanto mulheres são associadas a posturas e papéis de submissão e intensa emotividade.

Logo, esses estereótipos frequentemente pressionam os homens a não demonstrarem suas vulnerabilidades para evitar a associação com fraqueza, ao passo que erroneamente consideram as mulheres menos capazes, o que resulta em menos oportunidades em áreas como trabalho e educação.

Os estereótipos sustentados pelo patriarcado

Os estereótipos sustentados pelo patriarcado favorecem o surgimento da cultura de desvalorização e objetificação das mulheres. Sendo assim, sentimentos negativos como insegurança, baixa autoestima, distorção da própria imagem, ansiedade entre outros continuam a causar sofrimentos psíquicos nesta população. 

Além disso, um estereótipo frequentemente atribuído às mulheres é o papel de cuidadora e de responsável pelo trabalho doméstico. Além do desgaste físico, esses papéis causam sobrecarga mental devido ao esforço exaustivo, contínuo e sem reconhecimento.

No entanto, frequentemente, o patriarcado naturaliza a continuidade de situações de violência de gênero. Sendo assim, a violência é um dos meios de dominação utilizados para o controle das mulheres.

A violência contra as mulheres

A violência contra as mulheres, em suas diversas formas (violência física, emocional, psicológica, patrimonial, moral, etc), faz com que a vítima sofra graves consequências emocionais. Isso pois, além do abuso, a vítima costuma enfrentar julgamentos e estigmas que abalam sua autoconfiança e suas convivências com familiares e comunidade. 

Diante do mencionado, o patriarcado impacta o modo como a mulher percebe a si mesma de diversas formas, entre elas:

  • Intensificando o sentimento de desvalorização quando são tratadas como objeto de desejo e não como um ser humano;
  • Incentivando a busca por padrões de beleza inatingíveis, geralmente propagados pela mídia, e que causam sentimentos de inadequação em quem não os atinge;
  • Aumentando a pressão para não apenas terem aparência perfeita mas também cumprir os papéis de esposa, mãe e filha perfeita causando a sensação de fracasso quando esse ideal não é atingido;
  • Gerando a sensação de culpa quando a mulher não consegue assumir com a perfeição exigida todos os papéis que lhe são exigidos;
  • Aumentando a desmotivação devido a falta de reconhecimentos nos ambientes familiar e profissional;
  • Proporcionando o sentimento de solidão quando se sentem invalidadas e incompreendidas diante dos desafios que enfrentam.

Outros tipos de preconceito 

Os impactos negativos do patriarcado não se resumem à parcela da população que se identifica como mulher. A perpetuação de discriminação e preconceito contra pessoas que não se identificam com os moldes binários de masculino e feminino é outra consequência comum do patriarcado. Nesse sistema, pessoas transgênero e não-binárias costumam passar por violências, isolamento, estigmatização e desigualdade de oportunidades.

Embora o patriarcado concentre o poder nos homens, ele também os afeta de maneira negativa. A parcela masculina da população enfrenta pressões para ser forte, dominante e inabalável, sendo julgada quando não atende a esses moldes.

Essas exigências resultam no abafamento de emoções, negligência com a saúde física e emocional, e na dificuldade para solicitar ajuda e apoio quando estes se fazem necessários.

Logo, as pessoas impactadas negativamente pela cultura do patriarcado podem investir em:

  • Busca por apoio emocional profissional, como a psicoterapia;
  • Promoção de auto aceitação e valorização pessoal para favorecer a manutenção de uma boa autoestima;
  • Estabelecimento de limites para que falas e ações negativas não sejam incentivadas;
  • Construção de redes de apoio com pessoas que compartilhem experiências e pontos de vista semelhantes;
  • Educação contínua para desenvolvimento pessoal;
  • Reivindicação de direitos.

Em casos de traumas e adoecimento psicoemocional ocasionado pelo sistema patriarcal, a psicoterapia é indicada para auxiliar a pessoa a recuperar sua autoconfiança e criar estratégias de enfrentamento.

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