Vivemos hoje, no Brasil e no mundo, uma pandemia de coronavírus. Essa situação já é preocupante por si só, entretanto, ela gera diversos reflexos que influenciam no nosso bem estar. Nesse sentido, o medo e as inseguranças que esse contexto traz acaba afetando diretamente a saúde de todos nós, seja ela física ou emocional.

O isolamento social em conjunto com essa carga exaustiva de informações negativa aciona elementos estressores de incerteza e ansiedade. Essas reações possuem uma consequência direta: o abalo do nosso sistema imunológico.

Dessa forma, é necessário entender como ocorre esse processo. Além disso, vale realizar uma análise da situação e como a psicologia como ajudar a amenizar esse contexto. Então, não se preocupe, vamos falar sobre tudo isso.

Como as emoções influenciam o sistema imunológico

Afinal, por que os acontecimentos da vida e as emoções afetam o nosso sistema imunológico? Bem, essa é uma questão da psiconeuroimunologia que vem despertando o interesse de profissionais de diferentes áreas da ciência. O estudo da função imunológica na relação com a experiência vivida revelou-se um campo muito promissor.

Enfim, a capacidade de proteção do corpo está relacionada com fatores psicossociais que afetam a parte imunológica. Entre esses fatores contam-se: os estados emocionais, o tipo e a intensidade do estresse que a pessoa está enfrentando (ou vai enfrentar), as características de personalidade e a qualidade das relações sociais.

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Ainda, vale ressaltar que os estressores crônicos levam a um estado de exaustão do organismo pondo em risco o seu equilíbrio. Sendo assim, essa questão está diretamente relacionada às características psicológicas e as estratégias de enfrentamento utilizadas pela pessoa, ou seja, como o indivíduo lida com essas situações.

Por exemplo: num acontecimento traumático, o processamento das informações que o indivíduo fará desses fatos irá ditar qual será o impacto no sistema imunológico. Dessa forma, tudo depende dos significados subjetivos que a pessoa constrói para lidar com a situação.

Nesse sentido, para entender a influência das emoções no sistema imunológico, muitas pesquisas procuraram estudar os estados associados ao processo de enlutamento. Os resultados apontaram uma relação entre o desânimo e o estilo pessimista com uma piora no funcionamento do nosso sistema de defesa.

Como isso acontece no corpo?

A relação global entre os acontecimentos vividos pela pessoa e os problemas de saúde em função de fatores psicológicos envolvidos, apontam para uma mudança imunológica pela atuação do Sistema Nervoso Central (SNC), pela resposta hormonal e por uma mudança comportamental.

De forma esquemática, acontece assim: as vivências da vida (que varia com as características e estados psicológicos do sujeito) ativam o seu Sistema Nervoso Central e a sua resposta hormonal e realizam uma mudança comportamental. Esse movimento influencia o sistema imunológico, provocando mudanças e gerando uma maior susceptibilidade à doença.

Lidando com o coronavírus

O estudo da relação entre suporte social e saúde tem longa história. Sujeitos com mais estrutura social são mais saudáveis, tem menos probabilidade de ficarem doentes fisicamente ou emocionalmente perturbados.

Com esse contexto, podemos afirmar que o isolamento social favorece os extratos mais estabelecidos da sociedade com emprego em home office, afastamento por idade, convênio médico e possibilidade de comprar remédios.

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Projetando essas mesmas questões para as camadas menos favorecidas temos sérios problemas, como os empregos autônomos e informalidade, além dos altos níveis de miserabilidade em termos de moradia, saneamento básico e condições de higiene.

O papel da psicologia

A psicoterapia pode ser realizada como uma forma de intervenção nesse sistema e sequência, contribuindo para acelerar mecanismos de defesas reais. A atuação dos psicólogos é fundamental para ajudar na prevenção de problemas e diminuir os efeitos nefastos da pandemia sobre a saúde individual e coletiva.

Nessa época de coronavírus, nós, profissionais das ciências do comportamento humano, podemos ajudar com o apoio da tecnologia. Com a terapia online, conseguimos realizar atendimentos de baixo custo e acessíveis. Dessa forma, será possível atingir um grande número de pessoas e gerar uma transformação de impacto social.

Com certeza, o resultado seria positivo no aspecto emocional, fisiológico e imunológico. O foco absoluto precisar ser em tratar o estresse dessa situação vivida, pois, assim, conseguiremos aumentar nossa defesa imunológica e prevenir doenças físicas e emocionais.

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Psicóloga formada em 1982, me especializei em Psicoterapia Breve e Psicologia Hospitalar, tendo feito mestrado em Psicologia da Saúde. Toda minha vida profissional foi fundamentada numa postura ética humana, tendo trabalhado como psicoterapeuta (analítica dinâmica) em meu consultório, psicologia oncológica e psicologia hospitalar (UTI de adultos - politrauma, cardiologia e neurologia), sala de Emergência (atendendo tentativas de suicídio por intoxicação e dependência química) e também atuado como professora de Psicologia Educacional, em escolas estaduais no início de carreira, nas Faculdades Oswaldo Cruz (curso de especialização em Oncologia) e na UNICID (matéria de toxicologia clínica na Faculdade de Medicina e Psicologia Forense na Faculdade de Direito). No hospital fui Chefe da clínica de Psicologia Hospitalar (por três anos) e na clínica de oncologia coordenei a equipe multiprofissional. Atualmente atendo clinicamente, e desenvolvo um trabalho de mentoria.

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