O complexo de rejeição é uma faceta profundamente enraizada na experiência humana. Logo, sua influência sutil pode ser observada no nosso comportamento, nossos relacionamentos e também em nossa autoestima.

Entretanto, a necessidade de pertencer e ser aceito é inerente à natureza humana, e a rejeição, seja real ou percebida, pode desencadear uma série de reações psicológicas e emocionais profundas.

O que é o complexo de rejeição?

Ocasionalmente, o ser humano pode passar pela sensação de ser rejeitado ou de não encaixar-se em determinado cenário social. Isso ocorre por questões de identificação ou até mesmo por características de fases da vida em que se encontram. 

No complexo de rejeição, no entanto, a sensação de rejeição e abandono é mais frequente, intensa e ocorre mesmo entre as pessoas e grupos com quem se tem muita proximidade e intimidade. 

Entretanto, é importante ressaltar que o complexo de rejeição não é um diagnóstico formal e, portanto, não é descrito nos manuais de diagnóstico. Nesse contexto, podemos defini-lo como um sentimento intenso e persistente de não pertencimento.

Nele, a pessoa, devido à falta de aceitação e apreço, percebe-se à margem dos grupos com os quais convive, isolada e incompreendida, o que acaba resultando em prejuízos significativos em seus relacionamentos intra e interpessoais.

Qual é a origem do complexo de rejeição?

O complexo de rejeição pode ter diversas causas. Em geral, essas causas estão relacionadas a experiências prévias que envolvem intensos sentimentos de desamparo. 

Portanto, é possível correlacionar o surgimento do complexo de rejeição com grupos que tenham vivenciado experiências marcantes, como traumas na infância, episódios anteriores de abandono ou rejeição, bem como vítimas de preconceito.

Ainda, é importante ressaltar que a complexidade das causas torna essencial um entendimento aprofundado e individualizado para lidar eficazmente com esse fenômeno. Para isso, a figura do psicólogo é crucial.

As principais causas do complexo de rejeição

As experiências que envolvem rejeição na infância são particularmente as principais causas do aparecimento do complexo de rejeição na vida adulta. Isso pois, a infância é uma fase do desenvolvimento que costuma ser mais sensível a estímulos.

Entretanto, algumas situações propiciam vulnerabilidades que destacam a sensação e o temor da rejeição, facilitando o surgimento e a permanência da condição ao longo da vida do indivíduo. Alguns desses fatores são:

1. Cuidado parental insuficiente ou inadequado

O contato com as figuras parentais, geralmente as primeiras experiências de socialização de uma criança, cria fatores que influenciam os vínculos que a pessoa desenvolve ao longo da vida. Quando as figuras parentais não atendem às necessidades físicas e afetivas da criança, esse padrão pode ser generalizado para outras relações.

Nesse sentido, a teoria do apego explica que o vínculo com os principais cuidadores influencia o desenvolvimento de características de segurança ou insegurança, o que, por sua vez, afeta os relacionamentos futuros. 

2. Exposição a situações de violência

O contato com a violência pode ser traumático em qualquer fase do ciclo de desenvolvimento humano. Na infância, a exposição à violência se torna mais sensível, pois nessa etapa da vida a pessoa ainda não adquiriu recursos  emocionais ou cognitivos suficientes para processar o trauma de forma menos invasiva.

É importante ressaltar que a insegurança causada pela violência não afeta apenas as crianças que são as vítimas diretas, mas também aquelas que testemunham estas situações. Em adição, o surgimento e desenvolvimento do complexo de rejeição pode ser proveniente de qualquer tipo de violência (física, emocional, material, etc).

3. Bullying

Fazer parte de grupos é algo fundamental na experiência humana. Quando os conflitos são frequentes nos ambientes em que a pessoa convive, a sensação de inadequação e exclusão pode tornar-se evidente e acentuar-se.

O bullying, por exemplo, é um tipo de conflito que acarreta diversas consequências negativas ao longo da vida adulta, uma vez que desencadeia ou intensifica problemas relacionados à autoestima e situações de isolamento.

Como o complexo de rejeição interfere nos relacionamentos?

Os efeitos do complexo de rejeição são profundamente invasivos e resultam em marcas e sofrimentos significativos tanto a nível pessoal quanto interpessoal. Nesse contexto, nos relacionamentos interpessoais, o complexo de rejeição pode desencadear e perpetuar diversos tipos de desentendimentos, uma vez que o sentimento de rejeição pode dar origem a uma série de pensamentos automáticos nas pessoas que o experimentam.

Esses pensamentos intrusivos, por sua vez, influenciam negativamente a percepção do contexto socio-emocional da pessoa afetada. Nos relacionamentos amorosos, por exemplo, as desconfianças e inseguranças se tornam intensificadas.

Sendo assim, é imprescindível trabalhar a transparência sobre os sentimentos para fortalecer a confiança do casal e para que cada parceiro entenda o que está passando na mente do outro e pensarem juntos em objetivos e estratégias para lidar com as dificuldades. 

Tenho complexo de rejeição, o que eu faço?

Identificado o complexo de rejeição, é indispensável que a pessoa intensifique seu investimento em autoconhecimento. Para isso, é indicado a psicoterapia. Assim, será possível identificar traumas e padrões de pensamento, sentimento e comportamento que precisem ser revistos e trabalhados. 

Neste ponto, a  disposição para mudar os padrões dolorosos também é essencial. Logo, para o campo dos relacionamentos, é imprescindível a dedicação para superar possíveis dificuldades de comunicação. 

A comunicação é chave para o entendimento e, quando efetiva, auxilia muito a expressar e entender a real situação em que a pessoa se encontra. A comunicação saudável entre parceiros propicia o surgimento de esclarecimentos que auxiliam a não misturar traumas de relacionamentos passados com o presente.

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