O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), ou transtorno de déficit de atenção (DDA), é um transtorno do neurodesenvolvimento e afeta como as pessoas pensam e agem. 

Pessoas com TDAH frequentemente enfrentam dificuldades em permanecer paradas, quietas ou em ter um sono tranquilo. Isso, por sua vez, tende a contribuir para impulsividade pronunciada.

Contudo, lidar com alguém que tem TDAH pode ser desafiador. É crucial, portanto, adquirir um conhecimento mais profundo sobre o transtorno, o que nos permite entender as adversidades enfrentadas e nos preparar para oferecer o suporte necessário

Características do TDAH

Pessoas diagnosticadas com TDAH geralmente têm problemas para se concentrar e lembrar o que é dito ou feito ao seu redor. O transtorno, no entanto, é chamado de distúrbio do desenvolvimento neurológico porque afeta o desenvolvimento do sistema nervoso das pessoas. 

As pessoas com TDAH podem ter problemas para prestar atenção, ser excessivamente ativas ou impulsivas. Existem três tipos de TDAH, com base em qual dos três sintomas é mais comum. Alguém que geralmente tem problemas para prestar atenção pode ter alguns ou todos estes sintomas:

  • Distrair-se facilmente ao ouvir barulhos;
  • Dificuldade ao focar;
  • Ficar entediados depois de alguns minutos, a menos que seja algo que goste;
  • Ter dificuldade ao organizar ou concluir uma tarefa, dever de casa, atribuições e ao entregar tarefas;
  • Perder itens ou esquecê-los;
  • Parecem não ouvir quando falam com eles;
  • Podem sonhar acordados e confundir-se facilmente;
  • Têm dificuldade em obter informações de forma rápida ou correta;
  • Demonstram movimentos excessivos quando estão sentados;
  • Falam incessantemente;
  • Sentem a tentação de mexer com objetos ao seu redor;
  • Mantêm uma atividade constante;
  • Enfrentam dificuldade em realizar atividades de forma silenciosa;
  • Exibem tiques (como Tourette) em situações de pânico ou estresse;
  • Manifestam grande impaciência;
  • Encontram desafios em aguardar por desejos ou atividades;
  • Interrompem conversas e ações alheias;
  • Enfrentam dificuldades na construção e manutenção de amizades;
  • Encontram obstáculos para controlar sua raiva.

Vale salientar que, embora as crianças com TDAH possam ter problemas para fazer algumas coisas, muitas crianças com TDAH não terão problemas para prestar atenção em algo que gostam ou acham interessante.

Prevalência do TDAH

Especialistas acreditam que, em todo o mundo, cerca de uma em cada vinte crianças (5%) tem TDAH. No entanto, alguns países têm mais pessoas com TDAH do que outros e nem todos utilizam os mesmos testes. Os psicólogos encontraram mais pessoas com TDAH na América do Norte do que na África e no Oriente Médio.

Nesse contexto, foi observado também que o TDAH é mais frequentemente diagnosticado em crianças, especialmente em meninos. Apesar disso, não é incomum que adolescentes ou adultos recebam o diagnóstico de TDAH.

Além disso, é importante destacar que o TDAH não possui cura, o que implica que é uma condição permanente. No entanto, indivíduos com TDAH podem gerenciar seus sintomas através de tratamento, possibilitando melhorias em seu funcionamento.

Transtornos relacionados

A maioria das pessoas que tem TDAH também podem apresentar outros transtornos mentais, mais frequentemente o:

  • Transtorno desafiador opositivo;
  • Transtorno de conduta;
  • Dislexia;
  • Síndrome de Tourette;
  • Transtornos de ansiedade;
  • Transtornos do humor;
  • Transtornos por uso de substâncias;
  • Transtornos alimentares e transtornos de personalidade.

Entretanto, acredita-se que a principal diferença entre cérebros neurotípicos e aqueles com TDAH seja na quantidade de receptores de dopamina liberados nas sinapses do cérebro. 

Causas do surgimento do transtorno

Cerca de três em quatro casos de TDAH são causados ​​por um ou ambos os pais com TDAH. Além disso, irmãos de crianças com TDAH têm três a quatro vezes mais chances de desenvolver o transtorno do que irmãos de crianças sem o transtorno. 

Entretanto, acredita-se também que fatores genéticos estejam envolvidos na determinação da permanência do TDAH na idade adulta. Ainda, existem outras causas possíveis para o TDAH. A ingestão de bebidas alcoólicas por uma gestante, pode por exemplo, causar a síndrome alcoólica fetal, que pode incluir o TDAH. 

Dicas para lidar com alguém que tem TDAH

Conviver com alguém que tem Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode apresentar desafios únicos, mas também pode ser uma experiência enriquecedora. 

No entanto, aqui estão algumas considerações importantes para a convivência com alguém que tem TDAH:

1. Compreensão e educação

É essencial aprender sobre o TDAH para entender como ele afeta o indivíduo em termos de atenção, organização, foco e impulsividade. Dessa forma, conhecendo os sintomas e os desafios associados, você estará melhor preparado para lidar com as situações que possam surgir.

2. Paciência

Pessoas com TDAH podem ter dificuldade em se concentrar, seguir instruções detalhadas ou lembrar-se de tarefas. Logo, a paciência é fundamental ao lidar com repetições, esquecimentos ou atrasos.

3. Comunicação aberta

Mantenha linhas claras e abertas de comunicação. Permita que a pessoa com TDAH se expresse sobre suas necessidades, frustrações e sucessos. Isso ajuda a construir um ambiente de apoio e empatia.

4. Estabelecimento de rotinas e estrutura

A criação de rotinas consistentes pode ajudar a pessoa com TDAH a se sentir mais organizada e no controle. Além disso, planejar atividades e tarefas de forma antecipada, com etapas claras e objetivos alcançáveis, pode facilitar o gerenciamento do dia a dia.

5. Incentivo e reforço positivo

Reconhecer e elogiar os esforços e realizações da pessoa com TDAH é fundamental para aumentar sua autoestima e motivação. Todavia, o reforço positivo pode ajudar a superar os desafios e a cultivar uma mentalidade mais positiva.

6. Flexibilidade

É importante reconhecer que o TDAH afeta as pessoas de maneiras diferentes. No entanto, esteja aberto a ajustar suas expectativas e a encontrar abordagens flexíveis para enfrentar os desafios que possam surgir.

7. Ajuda profissional

Em alguns casos, a terapia cognitivo-comportamental, a terapia de apoio e até mesmo medicamentos podem ser indicados para auxiliar no manejo dos sintomas do TDAH. Desse modo, encorajar a busca por ajuda profissional quando necessário é um gesto importante de apoio.

8. Foco nas qualidades

O TDAH também traz consigo muitos aspectos positivos, como criatividade, entusiasmo e energia. Nesse sentido, concentrar-se nas qualidades da pessoa pode fortalecer os laços e melhorar a convivência.

9. Autocuidado

Se você é o cuidador ou parceiro de alguém com TDAH, lembre-se de cuidar de si mesmo também. Lidar com os desafios diários pode ser cansativo, então reserve tempo para descanso, atividades que lhe tragam alegria e apoio emocional.

Tratamento 

Pessoas com TDAH podem ser beneficiadas por terapia ou medicação, sendo o tratamento dividido em abordagens farmacológicas e não farmacológicas.

A terapia cognitivo-comportamental e o uso de estimulantes são comuns como primeira linha de tratamento, embora programas de TCC nem sempre se mostrem eficazes para populações com TDAH.

No entanto, os estimulantes aumentam a dopamina cerebral, auxiliando na atenção e controle de hiperatividade, mas são restritos a indivíduos com mais de 6 anos. 

Entretanto, ao lidar com alguém que tem TDAH, incentiva a procura por ajuda profissional. Profissionais capacitados oferecem orientação especializada, evitam complicações e promovem uma melhor qualidade de vida.

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Desde que me formei em Psicologia em 2002, já iniciei meus atendimentos em consultório, onde estou até hoje. Logo em seguida fiz cursos na área clínica em Gestalt-Terapia e Psicoterapia Existencial. Dediquei-me também aos estudos de mestrado e doutorado voltados a Psicologia Social, Sexualidade e Envelhecimento. Além disso, sou plantonista voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) desde 1998, prestando apoio emocional, psíquico e prevenção do suicídio. É importante mencionar que atuei cinco anos como Psicólogo Clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Quando solicitado, palestro em escolas, ONGs, etc. Em 2013 lancei o livro "Travestis Envelhecem?" e em 2017 o meu segundo, intitulado "Homofobia Internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo" ambos pela editora Annablume. Atuo como Psicólogo voluntário em uma ONG que presta amparo ao LGBTQIAP + idoso dentre outras. Também leciono no Centro Universitário São Roque. Atendimento a partir dos 18 anos de idade.

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