Sono em excesso não significa qualidade, aliás pode representar algo ruim

9 horas. 10 horas. 11 horas. Provavelmente, você conhece alguém capaz de passar todas essas horas dormindo – ou até mais. Dormir demais, geralmente, é considerado algo bom por essas pessoas, porém talvez esse seja um pensamento equivocado.

O excesso de sono é justificado na teoria. Afinal, o descanso do corpo é necessário. “A primeira função (do sono) está relacionada à necessidade física de nosso corpo descansar. O corpo exige períodos de sono para desenvolver músculos, reparar tecidos e sintetizar hormônios”, diz a psicóloga Aliza Werner-Seidler.

Entretanto, a prática demonstra outra faceta. Sentir muito sono e cansaço podem representar problemas de saúde. Problemas psicológicos, cognitivos e até cardíacos. Então, o desejo de consumo de muitas pessoas (dormir várias horas seguidas) consegue ser uma armadilha.

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No entanto, dormir demais realmente contribui para certas doenças ou isso é um sinal de uma condição existente? Essa é uma questão que a comunidade acadêmica ainda discute, porém talvez isso seja algo a considerar da próxima vez que você for tirar uma soneca.

“Ah, mas eu tenho muito sono”. De qualquer forma, esse não é um motivo para dormir mais de 10 horas por dia. Tudo bem sentir muito sono, o problema é esse sono em demasia e de forma constante. Afinal, tal atitude, na verdade, é prejudicial para a saúde.

O que é considerado sono excessivo?

8 horas por dia. Essa é a quantidade de sono que estamos habituados a escutar ser o ideal. Apesar de ser um senso comum, tal afirmação encontra embasamento na comunidade científica. Para ser mais preciso, o aceitável e correto está dentro de uma margem entre 7 e 9 horas diários.

Dessa forma, é importante lembrar que cada pessoa é diferente da outra. Sendo assim, existe uma variação normal do sono entre indivíduos. Idade, gasto diário de energia e estilo de vida são alguns fatores determinantes nesse processo.

Então, ter muito sono também não é algo muito preciso. Não há certa delimitação do tempo necessário do excesso de sono e cansaço dentro da comunidade científica. Mesmo assim, pode ser considerado dormir mais de 9 horas por dia, pois a partir dessas medições já é possível verificar aumento da taxa de mortalidade.

Além disso, a psicóloga Nerina Ramlakhan ressalta que “dormir em excesso geralmente não é sobre precisar de mais sono – geralmente é sobre estar exausto por causa de algum outro déficit físico, mental, emocional ou espiritual”.

Sono excessivo: causas

E quais são as causas de muito sono? Bem, são várias as condições que interferem a qualidade do sono e podem levar a pessoa a passar mais do que o necessário na cama. Algumas incluem fatores biológicos, enquanto que em outras é o resultado de doenças.

Sentir sono em excesso pode ser a consequência da hipersônia, por exemplo. Trata-se do oposto da insônia, ou seja, no caso em questão, o indivíduo possui dificuldade em permanecer acordado. Além disso, mesmo após dormir a pessoa se sente cansada, o que pode gerar um ciclo interminável de precisar descansar e adormecer.

Outra possibilidade é a condição de apneia obstrutiva do sono. De acordo com o Hospital Albert Einstein, “a apneia do sono é o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme”. Dessa forma, pode ocorrer o sono interrompido e fragmentado, que pode levar a pessoa a continuar dormindo, mesmo estando na cama por um número adequado de horas.

Uma das causas de sono excessivo pode ser a depressão. Aliás, um dos sintomas da doença é dormir muito ou pouco. Sendo assim, é possível que tal condição seja o reflexo de outro problema biológico afligindo a pessoa.

Ainda, é possível que essas várias horas na cama sejam o produto de efeitos colaterais provenientes de certos medicamentos. Então, caso ocorra esse problema, é importante verificar a bula para saber se essa pode ser a origem da questão.

Sono excessivo e saúde mental

Dor de cabeça e sono excessivo podem estar relacionados. Não são as horas a mais que irão deixar o corpo mais relaxado, porém pode ser esse excedente que irá causar vários problemas de saúde mental. E, nesse sentido, diversos estudos já procuraram entender tal relação.

Inclusive, um pesquisa de abrangência nacional realizado com 24.671 pessoas na França contribui com esse pensamento. Segundo o artigo acadêmico, “as pessoas que dormiam demais eram significativamente mais propensos a ter doenças psiquiátricas e um maior índice de massa corporal (IMC)”.

Além disso, uma revisão de estudos controlados sobre sono prolongado mostrou disfunções em diversas áreas nos adultos que dormem mais do que o normal. Foi relatado aumento da fadiga, irritabilidade e letargia, o que podem desencadear o desejo de dormir mais e a consequente perpetuação do ciclo.

Ainda, foi possível perceber humor mais baixo, tempo de reação mais lento, pior desempenho em matemática e sono mais fragmentado na população estudada em questão. Tal fato também pode ter outras implicações à saúde.

Nesse sentido, uma pesquisa publicada na Neurology constatou uma maior probabilidade no desenvolvimento de demência em pessoas que dormem consistentemente por mais de 9 horas por noite.

“Participantes sem ensino médio que dormem mais de 9 horas por noite tinham seis vezes o risco de desenvolver demência em 10 anos, em comparação com os participantes que dormiam menos”, comenta Sudha Seshadri, autora do estudo e professora de neurologia no Centro de Doenças de Alzheimer da Escola de Medicina da Universidade de Boston (BUSM).

Sendo assim, sentir sono excessivo de forma contínua não é uma condição normal. Caso esteja acostumado a dormir demais, é fundamental procurar um profissional capaz de ajudá-lo a resolver tal questão.

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