O comportamento suicida é um assunto de extrema sensibilidade e importância, que exige compreensão, empatia e ação imediata. Nossa sociedade muitas vezes lida com desafios emocionais profundos e complexos, e um dos resultados mais preocupantes dessas lutas é a manifestação de pensamentos e comportamentos suicidas.

Logo, é fundamental reconhecer que as pessoas que enfrentam essas situações estão passando por uma dor profunda e, muitas vezes, silenciosa. Neste discurso, exploraremos diversos sinais de comportamento suicida e suas explicações subjacentes.

O caso de Kurt Cobain

O dia 5 de abril de 1994 parou o mundo quando, em pleno auge de sua carreira musical, o jovem vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain, tirou a própria vida. Entretanto em sua carta de suicídio, o músico escreveu:

“Eu não tenho sentido a excitação de ouvir, bem como criar música, juntamente com a leitura e a escrita, faz muitos anos. Eu me sinto culpado por essas coisas além do que posso expressar em palavras”. 

A notícia chocou a todos pois foi uma morte silenciosa. Isso pois, ninguém esperava que Kurt realmente o faria. A verdade é que o suicídio, mesmo 24 anos após a morte de um dos ícones do rock dos anos 1990, continua um tabu e seus números aumentam a cada dia.

É por isso que a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio (ABEPS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. O objetivo é divulgar as causas, informações e ajuda para a população sobre o problema.

Os dados sobre o suicídio

Os números de suicídio são alarmantes: “O suicídio é considerado um problema de saúde pública e mata 1 brasileiro a cada 45 minutos e 1 pessoa a cada 45 segundos em todo o mundo. Entretanto, pelos números oficiais, são 32 brasileiros mortos por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. “, informa a Centro de Valorização da Vida (CVV).

A CVV é uma entidade sem fins lucrativos que atua na conscientização sobre a prevenção do suicídio desde 1962, e, juntamente com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), deu início à campanha do Setembro Amarelo no Brasil.

O que é suicídio?

Como define a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é “… um ato deliberado, iniciado e levado a cabo por uma pessoa com pleno conhecimento ou expectativa de um resultado fatal”. Portanto, o ato de encerrar a própria vida é uma manifestação extrema de dor emocional, um gesto que muitas vezes surge como resultado de uma busca desesperada por alívio.

Causas e fatores de risco do suicídio

Não existe somente uma causa para o suicídio. Suas raízes ainda são profundas e muito estudadas pelos psiquiatras. Logo, é importante ressaltar que os motivos diferem de indivíduo para indivíduo.

Confira abaixo alguns fatores de risco para o suicídio:

  • Depressão ou outras doenças mentais;
  • Tentativas anteriores;
  • Luto recente;
  • Dependência química ou alcoólica; 
  • Histórico de suicídio familiar;
  • Falta de vínculos sociais e familiares;
  • Doenças terminais ou incapacitantes;
  • Problemas escolares (como o bullying) ou laborais;
  • Desemprego;
  • Declínio social;
  • Divórcio;
  • Estresse;

Fatores sazonais, geográficos, de gênero (feminino e masculino), etários, entre outros, também são levados em conta no estudo das origens do pensamento suicida

Sinais de comportamento suicida

A grande maioria das pessoas que possuem tendência ou que planejam tirar a própria vida, mostram sinais e pedem ajuda de maneira consciente e inconsciente. 

Como identificar um comportamento suicida:

1) Depressão e doenças mentais 

A grande maioria das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema mental, e a grande vilã é a depressão. Nesse sentido, os indivíduos com esse quadro devem receber atenção maior.

2) Drogas

Nos casos em que há o consumo de álcool ou outras drogas e depressão, a atenção deve ser redobrada ainda mais, pois o combo de ambos resulta no maior número de mortes no mundo inteiro.

3) As frases mais comuns

Há quem diga que os suicidas não compartilham seus medos, insatisfações e planos mas eles o fazem e muitas vezes dizem em voz alta. Todavia, frases como:  “eu quero sumir”, “não aguento mais” e “eu queria morrer” são sinais de um pedido de ajuda inconsciente.

4) Adolescência

Já conhecida por ser uma das fases mais atribuladas e difíceis da vida, a adolescência mascara muitos sinais de suicídio, entendidos pelos amigos e familiares como um comportamento normal da idade.

Desse modo, a taxa de suicídio entre os jovens aumentou muito nos últimos anos e é neles que devemos prestar muita atenção e prestar ajuda. 

5) Mudanças na vida

A morte de um ente querido, o fim de um relacionamento, a mudança de casa ou trabalho, podem desestruturar um indivíduo e dar espaço à pensamentos negativos.

Entretanto, esses episódios podem gerar perda de interesse em atividades e eventos que antes motivava e pertencia à rotina de uma pessoa. Logo, quando alguma mudança na vida dela acontece e a faz perder vínculos, a depressão seguida do suicídio pode ser um gatilho. 

6) Falsa melhora

Muitas pessoas que já tentaram suicídio ou que possuem um quadro de depressão, alegam ter melhorado para tranquilizar seus familiares a fim de diminuir suas preocupações e, enfim, poderem colocar em prática o ato.

7) O mito do suicídio

Uma das frases mais ouvidas por aí é de que um suicida não ameaça, e sim comete o suicídio.  Mas isso é um engano. Os indivíduos que querem cometer suicídio falam do ato e deixam sinais. 

É preciso prestar atenção e não banalizar.

Como ajudar?

Existem diversas maneiras de ajudar alguém com comportamentos suicidas:

  • Escutar;
  • Manter o contato;
  • Ser prestativo;
  • Incentivar a procurar ajuda profissional.

Disque 188

Desde a década de 70, o CVV é reconhecido como Utilidade Pública Federal  e busca dar auxílio emocional e prevenção do suicídio para quem precisa. Sendo assim, em 2015, a organização passou a disponibilizar o contato através do telefone, de maneira gratuita.

Contudo, é só ligar para o número 188, acessar o chat online, enviar um e-mail ou ir a um dos postos de atendimento físico. O atendimento é anônimo e o sigilo é absoluto.

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