Muita gente confunde e acha que é tudo a mesma coisa. Saiba a diferença entre dificuldade de aprendizagem e transtorno de aprendizagem.

Imagine, por um instante, a vida nos oceanos. O mar, em sua vasta biodiversidade, possui água, animais marinhos, flora e processos que acontecem sempre, a fim de manter o equilíbrio debaixo d’água. Existem diferentes espécies de peixes, uns mais rápidos, outros mais lentos. Uns de grandes proporções, outros pequenininhos. Peixes que atingem maiores profundidades e nadam até o fundo do mar, e outros que preferem ficar no raso. Assim acontece com a sala de aula e os alunos que lá frequentam: uns aprendem mais rápido, conseguindo assimilar e se aprofundar mais nos assuntos, enquanto outros, possuem mais dificuldade de acompanhar, ficando, muitas vezes, no raso.

Mas os peixes que nadam mais devagar ou que ficam sempre no raso não o fazem por vontade própria. É da natureza deles. Por vezes, alunos que possuem dificuldade em aprender são tachados de preguiçosos, mas não é nada disso. Eles podem estar enfrentando algum obstáculo passageiro e causando dificuldades na aprendizagem, ou possuir alguma defasagem maior, caracterizando os transtornos de aprendizagem, parte da natureza de algumas pessoas.

O que é dificuldade de aprendizagem?

As barreiras que afetam o processo de aprendizagem escolar podem partir de diversas origens: cultural, socioeconômica, familiar, cognitiva, emocional, etc. A dificuldade de aprendizagem, diferente dos distúrbios, não se refere a dificuldades específicas, e sim na defasagem genérica e abrangente referente a  aquisição e /ou automatização de uma ou mais competências. É apenas um sintoma de que existe um déficit de aprendizagem. 

A mudança da casa, problemas familiares, bullying e outros fatores podem influenciar muito no desenvolvimento escolar do aluno e criar os mais diversos problemas de aprendizagem. Alguns problemas mais graves podem surgir a partir disso, como a dificuldade de concentração, que pode dar origem ao Transtorno Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

O TDAH  é um transtorno de característica neurobiológica, onde sua manifestação ocorre por propensão genética, e ele acompanha a pessoa por toda sua vida, podendo ser controlado. Quem o possui, costuma apresentar atitudes impulsivas, hiperativas, descontrole emocional e falta de atenção. Quando não tratado, o paciente terá uma grande dificuldade de se relacionar e alcançar os objetivos de sua vida, pois não consegue se concentrar, manter o foco e esquecem facilmente de suas tarefas e obrigações, além de terem acessos de raiva e agressividade.

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Os problemas podem atingir muitas áreas, como a dificuldade para escrever, dificuldade para ler, dificuldade em aprender e até na fala. É por isso que manter o acompanhamento psicológico e pedagógico é fundamental para o diagnóstico de possíveis transtornos, pois pode ser que a origem da dificuldade não venha de problemas transitórios e sim de distúrbios maiores e profundos de caráter neurológico. É aí que o transtorno de aprendizagem dá as caras.

O que é transtorno de aprendizagem?

Os transtornos de aprendizagem, ou distúrbios de aprendizagem,“envolvem uma incapacidade de adquirir, reter ou usar habilidades ou informações gerais, o que resulta de dificuldades com a atenção, com a memória ou com o raciocínio e afeta o desempenho acadêmico.”, define o MSD,(Manuais Merck nos Estados Unidos e Canadá e Manuais MSD fora desses dois países).

O processo de aprendizagem, nesse quadro, sofre grande impacto. As causas dos distúrbios de aprendizagem podem ter origem genética e nas  condições médicas, como o fraco crescimento no útero, exposição ao álcool ou drogas durante a gestação e lesões na cabeça, explica o Hospital Santa Mônica. Há quem diga que exposições a níveis elevados de chumbo podem aumentar o risco de distúrbios de aprendizagem.

Tipos de distúrbios de aprendizagem

Distúrbio de leitura e escrita

“É caracterizado pela dificuldade na aquisição e/ou desenvolvimento da linguagem escrita. Geralmente são crianças que apresentam déficits tanto na decodificação fonológica quanto de compreensão da linguagem oral e/ou escrita.”, define a clínica de fonoaudiologia Fale Melhor. Os sintomas podem ser evidenciados através do uso inadequado da gramática, vocabulário pobre e dificuldades gerais no processamento fonológico.

A disgrafia e a dislexia fazem parte desse distúrbio, sendo o primeiro, caracterizado pela dificuldade com a escrita manual, ortografia, e pensar e escrever ao mesmo tempo. A dislexia, em suma, é a dificuldade de transformar os símbolos escritos em signos verbais, o que atrapalha na leitura e escrita.

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Distúrbios envolvendo a capacidade matemática

discalculia é a dificuldade de absorver conceitos matemáticos, como resolver problemas de cálculo simples, informações de sequenciamento ou eventos, dificuldade para dizer as horas ou lembrar regras, fórmulas, sequências e procedimentos.

É importante ressaltar que os transtornos não estão associados a inteligência. Diversos testes mostram que até mesmo indivíduos com QI acima da média podem ser, por exemplo, disléxicos. Além disso, a discalculia pode ocorrer 

A intensidade e quantidade dos sintomas são diferentes em cada tipo de manifestação do distúrbio. Por isso se alguns sintomas surgirem em crianças muito pequenas ou se apresentarem poucas vezes não necessariamente se trata deste transtorno, para poder analisar e classificar é importante uma avaliação médica de um psicólogo e acompanhamento com um  psicopedagogo.

As principais diferenças entre transtorno e dificuldade de aprendizagem

Dificuldade: as causas partem mais de fatores externos, como metodologia de ensino inapropriada, conflitos familiares, mudanças frequentes de escola, diferenças socioeconômicas e/ou culturais;
Transtorno: embora os fatores externos também participem da defasagem, as causas moram no aspecto biológico por ser um transtorno do neurodesenvolvimento.

Dificuldade: defasagens abrangentes referentes ao processo de aprendizagem;
Transtorno: defasagens específicas e pontuais.

Dificuldade: dificuldade em assimilar e acompanhar os conteúdos;
Transtorno: disfunção neurológica de assimilação de conteúdos referentes a escrita, leitura e capacidades matemáticas. 

Dificuldade: acompanhamento pedagógico e psicológico recomendável, justamente para que o diagnóstico não seja confundido com um transtorno;
Transtorno: acompanhamento pedagógico e psicológico necessário.

Dificuldade: os obstáculos que geram a dificuldade podem ser resolvidos com a mudança de metodologia, horário de aula, colegas, ou qualquer que seja a causa.
Transtorno: mudança na abordagem dos conteúdos e métodos de avaliação são imprescindíveis. 

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