Essa forma de depressão crônica pode ser mais comum do que você imagina!
Quem é fã dos desenhos de Hanna-Barbera com certeza se lembra do desenho Lippy e Hardy. O leão Lippy é um otimista nato, quanto Hardy, uma hiena profundamente pessimista. O desenho marcou a geração de crianças da década de 70 e 80 e o bordão “Ó céus, ó vida”, frase constantemente repetida pela hiena pessimista, é lembrado até hoje. Hardy, cujo nome significa “pesado” em inglês” era sempre assim: nervoso, angustiado, mau-humorado e melancólico.
Todo mundo tem aquele amigo um pouco como a hiena Hardy, não é mesmo? Um sujeito meio reclamão, ranzinza e mal-humorado, mas gente boa e que até achamos engraçado pelo jeito com que ele sempre franze a testa e faz comentários meio pessimistas acerca de tudo, Mas sabia que algumas vezes esses “Hardys” da vida real podem ter distimia?
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Distimia: O que é?
Hoje em dia fala-se muito em depressão, afinal, ela é considerada o mal do século 21. A distimia é uma forma de depressão crônica que acontece de maneira mais moderada do que a depressão típica, mas nem por isso ela deve ser considerada menos importante. Diferentemente da depressão comum que anuncia a sua chegada com todos os seus sintomas e crises bem marcadas que impedem o paciente de trabalhar e viver a vida normalmente, a distimia não faz alarde… ela chega de mansinho e não vai embora tão cedo.
A distimia pode durar um longo período de tempo, de meses e até anos caso a pessoa não inicie nenhum tratamento. O grande problema desse tipo de depressão é que ela é facilmente confundida com a personalidade do paciente, já que se instala sorrateiramente e se enraíza de forma sutil. Se lembra do Hardy que mencionamos lá no início do artigo? É bem provável que ele sofra de distimia, já que seu pessimismo constante, comentários negativos e reclamações não o impedem de viver, mas afetam diretamente e profundamente a sua qualidade de vida — e a daqueles que o cercam também.
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O DATASUS (Departamento de Informática do SUS) define a distimia como o “rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos, mas cuja gravidade não é suficiente ou na qual os episódios individuais são muito curtos para responder aos critérios de transtorno depressivo recorrente grave, moderado ou leve”.
A distimia, no CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), está listada em 30-F39 Transtornos do humor (afetivos) cuja “perturbação fundamental é uma alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de uma elação. A alteração do humor em geral se acompanha de uma modificação do nível global de atividade, e a maioria dos outros sintomas são quer secundários a estas alterações do humor e da atividade, quer facilmente compreensíveis no contexto destas alterações. A maioria destes transtornos tendem a ser recorrentes e a ocorrência dos episódios individuais pode freqüentemente estar relacionada com situações ou fatos estressantes”, define o DATASUS.
É comum que a distimia dê as caras na infância e na adolescência, mas também pode acometer idosos. O médico psiquiatra Táki Cordás, coordenador do Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, conta que “a maioria dos pacientes diz: ‘No colegial eu tinha muitos amigos, era bem humorado, minha família me achava brincalhão. Depois, comecei a ficar introvertido, quietão, a não achar graça nas coisas, a me irritar com tudo’. Essas lembranças são prova de que o problema já tinha se manifestado bem antes, na adolescência”.
Distimia: Sintomas
Os sintomas de distimia, como mencionamos anteriormente, são mais difíceis de serem percebidos do que na depressão mais grave, já que esses sinais podem ser confundidos com a personalidade ou jeitinho daquela pessoa.
Sintomas psicológicos da distimia:
- Mau humor constante;
- Baixa autoestima;
- Melancolia;
- Pessimismo;
- Desânimo;
- Perda de prazer em atividades que antes gostava;
- Falta de concentração;
- Etc.
Sintomas físicos da distimia:
- Falta de energia;
- Alterações no sono, como insônia;
- Excesso ou falta de fome;
- Ganho ou perda de peso;
- Etc.
Distimia: Tratamento
Mas, afinal, distimia tem cura? Por se tratar de um transtorno crônico, não há cura para a distimia.
O tratamento para distimia envolve diversos fatores, sendo o primeiro, o diagnóstico assertivo e a consciência de que a ajuda precisa partir primeiro do próprio paciente, afinal, muitas pessoas pensam que os sintomas são apenas indícios de uma personalidade um pouco difícil de lidar e que não há motivos para procurar ajuda. Essa é uma das grandes barreiras para o tratamento de depressão e distimia.
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Existem medicamentos para distimia, como os antidepressivos que ajudam na regulação dos neurotransmissores e equilíbrio bioquímico. Cordás aponta que “ Os antidepressivos corrigem o distúrbio biológico e eles melhoram. No entanto, os relacionamentos que estabeleceram ao longo da vida estão marcados pela imagem do sujeito irritado, que reclama de tudo e briga por qualquer coisa. Não é por causa dessa mudança biológica do humor que, de uma hora para outra, tudo vai se acertar. Por isso, são encaminhados para a psicoterapia para aprender novas possibilidades de estabelecer relações”. (Em entrevista para o Dr. Dráuzio Varella)
Ou seja, a psicoterapia é imprescindível no tratamento da distimia pois o paciente aprende a reconfigurar a si mesmo e as relações que construiu até o momento, de modo a deixar tudo mais leve e saudável. É importante apontar que a Telavita, assim como as demais plataformas de psicologia online, não estão autorizadas, segundo o CFP (Conselho Federal de Psicologia) a fornecer qualquer tipo de diagnóstico ao paciente. As plataformas podem atender casos de distimia, mas não podem diagnosticar pacientes. Fique de olho!