Em nossas vidas, somos constantemente influenciados por uma complexa teia de emoções, muitas das quais são desencadeadas por eventos, palavras ou situações específicas. Esses disparadores emocionais, conhecidos como “gatilhos emocionais”, desempenham um papel fundamental em nossas experiências e em nossa compreensão de nós mesmos. 

Neste texto, explicaremos em detalhes o que são os gatilhos emocionais, como eles funcionam e como podemos gerenciá-los para promover um maior bem-estar emocional em nossas vidas.

O que são os gatilhos emocionais?

Os gatilhos emocionais são estímulos, situações, palavras, imagens ou eventos que acabam provocando respostas emocionais intensas em indivíduos, dependendo do contexto e de sua experiência pessoal.  

Todavia, essas respostas emocionais podem ser positivas, como por exemplo: de alegria e felicidade, ou negativas, como raiva, tristeza, ansiedade ou medo. Os gatilhos estão ligados e relacionados às experiências pessoais, crenças, valores e memórias de cada pessoa e, o que pode ser um gatilho para uma pessoa, pode não ser para outra.

Reconhecer e compreender nossos gatilhos emocionais é essencial para a autorregulação emocional e o gerenciamento do estresse em situações desafiadoras. Isso nos permite adotar estratégias eficazes para promover nosso bem-estar emocional.

Como os gatilhos emocionais aparecem?

Os gatilhos emocionais podem aparecer de várias maneiras e em diferentes situações para cada pessoa. Eles podem ser desencadeados por estímulos específicos que têm uma conexão emocional com experiências passadas, sejam memórias, crenças ou traumas. Entretanto, há algumas maneiras pelas quais os gatilhos emocionais podem ser desencadeados a surgirem:

1. Eventos ou datas

Datas significativas, como por exemplo: feriados, aniversários de eventos traumáticos ou aniversários de perdas podem gerar os gatilhos emocionais. Essas datas muitas vezes estão associadas a memórias específicas/traumáticas e podem desencadear emoções mais intensas.

2. Experiências passadas

Situando-se no mesmo contexto, situações que evocam lembranças de experiências passadas, mesmo que não sejam idênticas ou semelhantes, têm o potencial de atuar como gatilho.

Um exemplo ilustrativo é quando alguém que enfrentou um acidente de carro no passado. Nesse caso, o som de pneus derrapando ou um cenário de trânsito caótico pode desencadear ansiedade na pessoa que vivenciou essa experiência traumática.

3. Comentários ou ações de outras pessoas

Comentários insensíveis, críticas ou ações de outras pessoas podem ser gatilhos emocionais para o outro, especialmente se estiverem relacionados a áreas sensíveis da vida do sujeito. No entanto, uma fala maldosa de alguém pode gerar um peso para a outra pessoa, o que por sua vez, aciona sentimentos de insegurança ou tristeza no indivíduo.

4. Estresse

O estresse crônico ou agudo pode aumentar a sensibilidade para os gatilhos emocionais. Logo, quando uma pessoa está sob pressão, ela pode ser mais propensa a reagir de forma emocional a situações que, sob condições normais, não a afetariam tanto se caso o estresse não estivesse presente.

5. Mudanças

Às vezes, a mudança de ambiente ou contexto pode atuar como gatilho para uma determinada pessoa. Por exemplo, entrar em um lugar que lembra um evento traumático do passado pode desencadear uma resposta emocional negativa.

A relação entre as memórias traumáticas e os gatilhos emocionais

As memórias traumáticas desempenham um papel significativo na ativação de gatilhos emocionais. Quando alguém experimenta um evento traumático, como abordado acima, o cérebro muitas vezes armazena essa experiência de forma profunda, marcante e duradoura. 

Essas memórias adquirem um poder especialmente marcante na indução de gatilhos emocionais, pois são impregnadas de intensas emoções e podem ser reativadas por estímulos que guardam alguma relação com o evento traumático passado. A seguir, examinaremos algumas características das memórias traumáticas em relação aos gatilhos emocionais.

Intensidade emocional

Memórias traumáticas geralmente estão associadas a emoções extremamente intensas, como por exemplo: medo, terror, raiva, tristeza e desamparo. Essas emoções são muitas vezes o que torna a memória tão impactante e duradoura.

Reatividade aos gatilhos

Memórias traumáticas podem ser acionadas por estímulos que compartilham características com o evento traumático vivenciado. Por exemplo, se alguém sofreu um acidente de carro traumático à noite, a simples experiência de dirigir à noite pode ser um gatilho emocional e acabar retomando a memória anterior ao acidente.

Intrusão de pensamentos

Memórias traumáticas muitas vezes se intrometem na consciência de uma pessoa de maneira involuntária e perturbadora. Elas podem surgir como flashbacks, pesadelos ou pensamentos intrusivos.

Evitação

Como resultado das emoções intensas associadas a memórias traumáticas, as pessoas muitas vezes tentam evitar situações, lugares ou estímulos que possam desencadear essas memórias marcantes.

Interpretação distorcida

Memórias traumáticas podem ser lembradas de maneira distorcida ou fragmentada. As pessoas podem desenvolver dificuldade em lembrar todos os detalhes do evento, mas as emoções relacionadas a ele permanecem vívidas e presentes.

Como lidar com os gatilhos emocionais?

Enfrentar os gatilhos emocionais pode ser desafiador, mas é importante aprender a lidar com os mesmos para promover o bom funcionamento emocional e psicológico. Algumas dicas podem ajudar a lidar com gatilhos emocionais de maneira saudável, estas são:

  • Identificar as situações, palavras, imagens ou eventos que desencadeiam respostas emocionais intensas e estressantes em você;
  • Praticar o distanciamento emocional para evitar reações impulsivas e ganhar clareza ao lidar com o sentimento;
  • Cuidar de sua saúde física e emocional, pois uma boa saúde geral pode reduzir a intensidade das respostas emocionais aos gatilhos;
  • Compartilhar seus sentimentos com alguém em quem confia, como amigos, familiares ou um psicólogo, para aliviar o fardo emocional que carrega;
  • Identificar estratégias saudáveis, como técnicas de relaxamento, exercícios físicos, meditação e escrita de diários.

Formas de tratamento

Ter que lidar com gatilhos emocionais constantemente é algo desgastante e que sinaliza a necessidade de entender mais sobre eles. Em específico, para tratar esse fenômeno, temos a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para o trauma e a terapia de exposição gradual.

Estas, no entanto, podem ser eficazes para lidar com memórias traumáticas e reduzir a reatividade aos gatilhos emocionais associados às lembranças dolorosas.

Portanto, o processo terapêutico pode ser desafiador, mas muitas pessoas conseguem melhorar a qualidade de vida e encontrar formas mais saudáveis de lidar com este viés.

A importância da psicoterapia 

A psicoterapia pode ser eficaz para ajudar as pessoas a lidarem com os seus gatilhos emocionais e desenvolver estratégias para enfrentá-los de maneira saudável, leve e construtiva. 

Fazer terapia auxilia em diversas questões, como: 

​Autoconhecimento

Através da terapia, você adquire uma compreensão mais profunda de suas emoções, permitindo a identificação precisa dos gatilhos emocionais que desencadeiam respostas negativas.

Identificação de padrões

A terapia auxilia na identificação de padrões recorrentes de pensamentos, comportamentos e emoções associados aos gatilhos que desencadeiam sensações negativas.

Estratégias de enfrentamento

Terapeutas podem ensinar estratégias saudáveis para lidar com gatilhos, incluindo técnicas de relaxamento, resolução de problemas e práticas de mindfulness, proporcionando ferramentas eficazes para lidar com situações desafiadoras.

Processamento de traumas

A terapia é essencial para lidar com traumas passados, permitindo que as emoções relacionadas a essas experiências sejam compreendidas e processadas de maneira adequada e saudável.

Mudança de crenças disfuncionais

Os terapeutas ajudam os indivíduos a desafiar e modificar crenças negativas ou irracionais que possam estar contribuindo para a ativação de gatilhos emocionais, promovendo, assim, uma mudança positiva nas emoções e comportamentos.

Portanto, esses elementos da psicoterapia ajudam as pessoas a gerenciar melhor os seus gatilhos emocionais de forma mais tranquila, promovendo uma melhora emocional e melhor qualidade de vida. Lembre-se de que lidar com os gatilhos emocionais é um processo contínuo. 

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