Todos nós já fizemos uso de algum deles. Conheça mais sobre os mecanismos de defesa do ego e como eles atuam nas nossas vidas.

Séculos de estudos sobre estrelas, planetas e galáxias ainda não refletem a imensidão do que ainda não sabemos, do que ainda não descobrimos. Incontáveis fenômenos cósmicos estão acontecendo agora, nesse segundo, enquanto você lê este artigo. Cercado de mistérios, o universo sempre mexeu com o nosso imaginário.

Mas não precisamos ir tão longe para mergulhar na vastidão do cosmos, afinal, cada cérebro humano constitui um universo particular tão profundo quanto aquele que está sob nós. O astrônomo americano Carl Sagan sabia disso. Para ele, “Nós somos, cada um de nós, um pequeno universo”. E, nesse pequeno universo, inúmeros fenômenos tão grandiosos como o nascimento de uma estrela acontecem.

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A psicologia é o ramo da ciência que investiga a mente humana. A infinidade de conexões que o pensamento realiza, assim como as motivações, desdobramentos e criações que surgem dela, fazem do nosso cérebro um cosmos perfeito. Sigmund Freud é um dos grandes nomes da psicologia, pois desbravou como ninguém os mistérios da mente. Foi ele que se aprofundou no conceito de inconsciente, que, na proporção cósmica, foi o mesmo que acessar o lado escuro da Lua, o lado que não pode ser visto da Terra, a face inacessível.

A partir disso, ele descobriu que muitos pensamentos e atitudes humanas são pautados pelo inconsciente, e, para acessar essa camada oculta, propôs a livre associação e interpretação de sonhos em busca da compreensão do todo. A fim de conhecer melhor essas camadas, o pai da psicanálise desenvolveu um modelo estrutural da personalidade, e organizou o aparelho psíquico em três estruturas: ID, ego e superego. Cada qual é responsável por um aspecto da personalidade humana.

ID: Esse é o aspecto da personalidade associado aos instintos. Ele funciona como uma fonte psíquica que opera através de pulsões e desejos inconscientes. É dele a solução imediata para situações de tensão, porém exclui a lógica, valores e moral. É o impulso orgânico que a mente produz, sempre em busca da obtenção do prazer.

Ego: Diferentemente do que ocorre no ID, o ego é a parte racional da nossa personalidade e controla os instintos. Ele é o filtro mediador e balanceador entre o ID e os estímulos externos. Enquanto o ID funciona à base primitiva do desejo, o Ego opera no que é real, e busca satisfazer os desejos através de um objeto apropriado.

Superego: Aqui, o ID encontrou o seu oposto no que diz respeito aos valores morais. É dever do superego trabalhar para que a perfeição seja atingida através do que é correto perante a sociedade. É função do superego reprimir impulsos contrários às regras. “O superego tem o pensamento dualista (tudo ou nada, certo ou errado, sem meio-termo) e está sempre em conflito com o id”, explica o SBie (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional)

Mecanismos de defesa

Pela primeira vez, uma sonda conseguiu pousar no lado oculto da Lua com sucesso. O feito, que ocorreu em janeiro de 2019, abre caminho para novas pesquisas nessa região inexplorada e misteriosa do satélite natural. Descobrir o que era, até então, obscuro, traz à luz o conhecimento necessário para que o todo seja melhor compreendido.

Assim como a histórica missão ao lado oculto da Lua, Freud também realizou a própria expedição ao lado oculto da mente: o inconsciente. Ele conseguiu mergulhar profundamente nas estruturas do Ego, ID e Superego. Freud e os mecanismos de defesa do ego foram um marco na compreensão da atitudes, pensamentos e emoções que fazem os indivíduos se comportarem de determinada maneira.

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O que são mecanismos de defesa?

São manifestações psicológicas que têm como objetivo manter a integridade do ego perante os estímulos externos e as exigências das outras instâncias psíquicas, o Id e Superego. Ao longo da vida, os indivíduos encaram situações que nem sempre são agradáveis ao consciente, e o ego, com o objetivo de proteger sua integridade perante as possíveis ameaças, possui alguns mecanismos específicos.

Freud aponta esses mecanismos como universais, ou seja, todo mundo faz uso deles, em maior ou menor escala, e o uso excessivo desses mecanismos pode abrir as portas para os transtornos psicológicos. A função desses mecanismos é diminuir a tensão e ansiedade causadas pelas situações adversas pela qual o ego passa. Vamos conhecer os 9 mecanismos de defesa pesquisados por Freud:

Negação

A negação, na psicologia, é a recusa em aceitar a realidade, pois a verdade pode ser dolorosa demais para o indivíduo conseguir aceitar e lidar com ela. Esse mecanismo pode acontecer em qualquer situação, como por exemplo o indivíduo que afirma beber apenas socialmente, quando, na realidade, possui uma compulsão, pois na hora de encarar episódios traumáticos, ele se entrega ao vício para poder apaziguar o sentimento. Alguns indivíduos optam por negar o ocorrido para que as consequências negativas daquela situação não se perpetue ao longo de sua vida.

Deslocamento

Aqui, o indivíduo transfere sentimentos negativos como raiva, frustração, angústia e dor do seu objeto de origem, a um outro, pois este segundo oferece menos perigo. A exemplo disso, temos a situação em que um indivíduo pode reprimir os sentimentos de raiva perante o chefe, porém descontar em animais, parceiros ou amigos. Ou então alguém que teve uma experiência negativa com, por exemplo, dentistas, e, então, passa a evitá-los.

Regressão

Regressão, na psicologia, significa o retorno ao estado infantil em que os medos inconscientes referentes a esse estágio da vida tomam conta, assim como as preocupações e ansiedades.  O desenvolvimento dos indivíduos se dá na infância, através das fases oral, anal e fálico. Portanto, nesse mecanismo de defesa, quando o indivíduo de sente pressionado, pode regressar a esse estágio e reproduzir comportamentos referentes a ele. Uma criança que já passou da fase de chupar chupeta, ao se ver em uma situação adversa, como a mudança para uma nova escola, pode regressar à fase em que chupava chupeta.

Repressão

É o ato de esquecer alguma experiência desagradável e dolorosa, como um acidente. Esse mecanismo se assemelha a negação nesse sentido genérico. A repressão também atua quando não queremos fazer algo desagradável, como ir ao médico, e o indivíduo simplesmente deleta esse pensamento.  Tanto a repressão, quanto a negação, podem ser vantajosos em em certo nível.

Projeção

O processo de entendimento da projeção parte do princípio de que o indivíduo reconhece uma característica de que não gosta em si e que pode lhe causar dor. A partir disso, ele projeta essa insegurança nas falas e atitudes de quem o cerca como se essas pessoas estivessem apontando tal característica como errada ou vergonhosa. Por exemplo, alguém que tem muita insegurança sobre o próprio corpo, ao chegar na academia, sente que as pessoas do lugar estão julgando-a ou criticando-a. Assim, a própria insegurança do indivíduo é projetada no outro.  Quando o caso ocorre com pessoas próximas, questionamentos como “por que você está me olhando assim?” ou afirmações que a pessoa apenas infere que os outros estão fazendo.

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Intelectualização

Aqui, acontece o afastamento de uma situação dolorosa de modo que o indivíduo não encara as consequências emocionais dela. Diferentemente da negação, onde há a recusa em aceitar a realidade, o episódio doloroso é reconhecido na intelectualização, ou seja, o indivíduo sabe e vivencia a sua existência, mas aprende a focar em outras consequências que não as emocionais. Por exemplo, se uma pessoa é mandada embora de seu emprego, ao invés de se sentir mal em relação a isso, pode pensar que agora terá mais tempo livre para focar em outros projetos.

Racionalização

O mecanismo de defesa chamado racionalização está ligado a um mau comportamento do indivíduo perante a moral e valores da sociedade. Ao realizar o ato em questão, o indivíduo, ao sentir remorso, tenta transformar o mau comportamento em algo neutro e justificável para que a culpa, ou qualquer outro sentimento ruim, lhe deixe. Outra via que a racionalização toma é culpar outra pessoa da ação negativa para que o indivíduo se sinta melhor. Por exemplo, a pessoa pega o lugar da outra na fila e a culpa por não ter prestado atenção, afinal, a culpa é dela e não do indivíduo que furou a fila.

Formação reativa

Na formação reativa, ocorre a inversão de sentimentos perante um objeto de desejo. Por exemplo, se alguém possui apreço ou amor por algo ou alguém, mas sabe que esse sentimento, seja por razões sociais ou pessoais, não é correto, o indivíduo não admite o que sente e passa a ter emoções opostas extremas.

Sublimação

O significado de sublimação se assemelha um pouco ao da intelectualização. Porém, aqui, o processo se desenvolve em um longo período do tempo, ou até mesmo durante a vida inteira. Um exemplo de sublimação é o artista que sente repressão ou sofre por algo ou alguém e transfere toda a frustração para a arte, de modo que aquilo, ou seja, a sua reação, se torna aceitável socialmente.

Os mistérios do consciente e do inconsciente, tais quais os da própria Lua e do universo, ainda inquietam o ser humano. E é essa inquietação e fascínio que sempre estarão a frente das novas descobertas, seja do cosmos acima de nós, ou daquele que nos habita.

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