Considerada o mal do século, a depressão é uma doença crônica que não tem cura, mas tem tratamento.
O premiado escritor americano Andrew Solomon, detalhou minuciosamente a sua própria batalha contra a depressão no livro “O Demônio do Meio-Dia”. A obra se tornou referência no assunto, tanto para especialistas quanto para leigos, e mergulha nas profundezas sombrias da doença que é considerada o grande mal do século 21.
Não é saudável sentir vazio emocional. ENTENDA
“Na depressão, você não pensa que pôs um véu cinzento e está vendo o mundo através da névoa de um estado de espírito ruim. Você pensa que o véu foi retirado, o véu da felicidade, e que agora está realmente enxergando. Você tenta se agarrar à verdade e destrinchá-la, e acredita que a verdade é a única coisa fixa, mas ela é viva e corre de cá para lá. Você pode exorcizar os demônios dos esquizofrênicos que percebem que há algo estranho dentro deles. Mas é muito mais difícil com gente deprimida, porque nós acreditamos estar vendo a verdade. Mas a verdade mente.
Depressão: o que é?
A depressão consiste na diminuição ou na perda de interesse pelas atividades diárias e cria grande apatia, o que afeta o funcionamento do organismo. Ela não atinge só a mente, mas também o corpo, seja com o aumento da pressão cardíaca, ou com o surgimento de outras doenças, como o mal de Parkinson.
A causa da depressão, no cérebro, compreende a falha na produção ou no aproveitamento de uma substância chamada serotonina, essencial para a comunicação entre os neurônios e que provoca a sensação de bem-estar. Porém, a origem da depressão em cada indivíduo pode variar. A depressão endógena, por exemplo, consiste em alterações biológicas e na predisposição genética do indivíduo, ou seja, aqui, a depressão é hereditária e surge da modificação estrutural biológica do indivíduo. Já na depressão exógena, os fatores externos como estresse e traumas, são os possíveis causadores do problema.
A doença já atinge cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, 5,8% da população sofre com a doença e é a maior prevalência de depressão da América Latina.
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Sintomas de depressão
Cansaço extremo, alterações no sono, dificuldade de concentração, irritabilidade e angústia: esses são os sintomas iniciais de quem sofre de depressão. Mas engana-se quem pensa que essa doença crônica só atinge a cabeça, pois ela está profundamente relacionada com sintomas físicos que impactam o dia a dia e o funcionamento do organismo, como doenças cardíacas, câncer, diabetes, doenças autoimunes, como lúpus e psoríase, ganho ou perda de peso, entre outros.
Depressão: tratamento psicologico
Ainda não existem exames de imagem ou teste de sangue capazes de detectar a depressão. Como método de diagnóstico, médicos e psicólogos recorrem a avaliações e questionários feitos no próprio consultório a fim de identificar o tipo de depressão e mensurar a gravidade de cada paciente.
Conheça as 7 dúvidas mais comuns sobre depressão.
A depressão não tem cura, mas pode ser controlada e ter os sintomas diminuídos. Tanto o acompanhamento psicológico periódico, quanto o uso de medicamentos, são essenciais para o tratamento da doença. A terapia auxilia na transformação de comportamentos e pensamentos, o que permite mensurar o avanço na melhora do quadro. Já o tratamento medicamentoso, principalmente com os antidepressivos, age no reequilíbrio da química cerebral a fim de ajustar os neurotransmissores, como a serotonina.
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Existem diversas linhas na Psicologia que podem ser eficazes no tratamento desse transtorno. Selecionamos duas das mais indicadas para a doença.
Terapia cognitivo-comportamental
Terapia cognitivo-comportamental ou, para os íntimos, TCC, é um dos tipos de terapia mais famosos e mais embasados por evidências científicas. Aqui, o terapeuta conduz o paciente a uma verdadeira jornada de transformação de pensamento frente aos problemas e às emoções que eles surtem.
O Instituto de Terapia Cognitiva do Brasil explica, brevemente, essa linha de abordagem: “inicialmente, objetiva devolver ao paciente a flexibilidade cognitiva, através da intervenção sobre as suas cognições, a fim de promover mudanças nas emoções e comportamentos que as acompanham. Ao longo do processo terapêutico, no entanto, atua diretamente sobre o sistema de esquemas e crenças do paciente a fim de promover sua reestruturação. Em paralelo à reestruturação cognitiva, o terapeuta cognitivo utiliza ainda uma abordagem de resolução de problemas”.
Essa linha da psicologia é bem objetiva e foca no comportamento, ou seja, o psicólogo auxilia na mudança de hábitos da rotina que possam ser gatilhos para que a síndrome continue enraizada. Com o tempo, essas pequenas mudanças transformam o quadro do paciente e internaliza esse novo meio de enxergar e pensar a vida.
Psicanálise
Essa linha psicológica foi criada pelo psicanalista Sigmund Freud e consiste em investigações da psique humana, do inconsciente e dos processos mentais conscientes, também. As sessões permitem que os pacientes falem sobre qualquer coisa que vier à mente, pois isso permite que o psicólogo faça conexões desses fatos que o inconsciente traz à tona, aos comportamentos e problemas que ele possui. É uma linha mais profunda, demorada e mais subjetiva do que a TCC, mas para trabalhar o autoconhecimento em prol da mudança interna para refletir no mundo externo, é um bom caminho a ser seguido.
É importante ressaltar que, qualquer que seja a linha que mais se comunicar com o paciente, o próprio psicólogo é o diferencial, afinal, um profissional com um bom currículo e especializações no transtorno que acomete o paciente, parece uma escolha mais assertiva do que outro que não possui esse conhecimento.