A psicoterapia infantil poder ser uma grande aliada no tratamento de transtornos psicológicos em crianças. Confira aqui alguns sintomas e como lidar com eles.

Em qualquer faixa etária estamos sujeitos à problemas psicológicos, sejam eles causados pelo meio externo, traumas ou fatores genéticos. É na infância que muitas dessas complicações têm origem e, se não tratadas de modo apropriado, podem se estender para as outras fases da vida e de modo mais intenso.

A grande questão nessa fase é que a criança tem grande dificuldade para expressar suas angústias e, mesmo quando o fazem, podem ser confundidos erroneamente com birra.

Os problemas psicológicos mais comuns em crianças são a depressão, transtornos de ansiedade, TOC e fobias.

1 – Medo excessivo

Desde muito cedo somos ensinados a sentir medo. O bicho-papão, boi da cara preta, lobo mau e outros personagens que habitam o imaginário popular, são frequentemente usados para colocar medo nas crianças a fim de frear as suas atitudes imprudentes e ensinar alguma moral. Mas sentir medo não é problema, pois ele, em níveis normais, doutrina a nossa mente a como agir em determinadas situações. O medo infantil e psicologia devem sempre andar juntos visto que com o auxílio de um especialista, as fobias podem ser tratadas e curadas.

O limite entre medo e fobia está na intensidade em que eles aparecem. O medo é uma sensação de receio e ansiedade frente a uma situação de perigo, enquanto a fobia é um medo específico, intenso e muitas vezes irracional e que pode paralisar. Quando expostos aos objeto que causam a fobia, os indivíduos podem sentir falta de ar, taquicardia, tremedeira e ataques de pânico.

Quando a criança tem muito medo de algo em específico, essa angústia pode ser caracterizada como fobia. Mas o medo em excesso também pode desencadear outros problemas como depressão infantil, transtornos de ansiedade infantil, transtorno de deficit de atenção infantil e hiperatividade (TDAH)transtorno obsessivo compulsivo (TOC), síndrome do pânico, entre outros.

2 – Introspecção e Isolamento

Na obra “Mal-estar na civilização“, o psicanalista Sigmund Freud comenta que todo indivíduo é inimigo da civilização, e que a maioria apresenta tendências anti-sociais, sendo que em alguns grupos de pessoas, essa tendência é ainda maior.

Porém, quando a criança passa dos níveis normais de timidez e prefere se isolar à ter qualquer tipo de contato social, o alerta de que algum problema maior se faz presente soa. 

Alguns problemas possíveis para quadros de isolamento e introspeção se encaixam na depressão, fobia social, transtornos do espectro autista, TDAH, entre outros.

3 – Alterações de peso

 O transtorno alimentar infantil existe e pode ser causado pelos mesmos motivos que os de qualquer outra faixa etária: as imposições da sociedade quanto aos padrões de beleza.

Os transtornos alimentares são caracterizados por alterações e perturbações psicológicas referentes à alimentação que interferem na saúde física e mental do indivíduo. Essas alterações referem-se ao excesso de comida ou à falta dela. As consequências da obesidade infantil podem ir desde o desenvolvimento de diabetes até doenças cardíacas.

A obesidade infantil, tais quais outros tipos de transtornos como bulimia ou anorexia, podem ser distúrbios sérios referentes a alterações de peso. A depressão e a ansiedade também podem ser as causadoras.

4 – Dificuldade de concentração e aprendizado

Esse sintoma é muito comum no Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Este é um transtorno de característica neurobiológica, onde sua manifestação ocorre por propensão genética, e ele acompanha a pessoa por toda sua vida, podendo ser controlado.

Quem o possui, costuma apresentar atitudes impulsivas, hiperativas, descontrole emocional e falta de atenção. Quando não tratado, o paciente terá uma grande dificuldade de se relacionar e alcançar os objetivos de sua vida, pois não consegue se concentrar, manter o foco e esquecem facilmente de suas tarefas e obrigações, além de terem acessos de raiva e agressividade.

Os sintomas mais comuns em pessoas com o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade são:

  • Momentos de humor que variam com presença de raiva, ansiedade ou excitação;
  • A presença de comportamentos como: falta de moderação, irritabilidade, impulsividade, hiperatividade, inquietação e agressividade;
  • Na cognição afeta a concentração, tira a atenção e aumenta o esquecimento.

A dificuldade de concentração e aprendizado causa sérios danos à autoestima da criança e é um fator de risco da depressão, ansiedade e fobias.

5 – Problemas com o sono

Seja o excesso de sono ou a falta dele, o problema pode ser um sintoma de algum distúrbio maior. Os chamados “distúrbios comportamentais“, como a hiperatividade, ou os transtornos alimentares, como a obesidade, podem ter esse sintoma como marca. 

Nos primeiros anos de vida  é perfeitamente normal que a criança possua  despertares mais frequentes. Mas se o quadro persistir para mais momentos da vida, pode ser um sinal. Crianças que não conseguem dormir sozinhas e vão para a cama dos pais todas as noites ou que fazem xixi na cama com frequência, podem apresentar medos excessivos, fobias, depressão e ansiedade.

6 – Agressividade

Crianças muito agressivas e que se irritam com facilidade podem desenvolver outros problemas. A Síndrome de Hulk, como é popularmente chamada, ou Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), é um comportamento agressivo, gerando acesso de fúria descontrolada, geralmente sem motivos aparentes, onde a pessoa perde o controle de seus impulsos violentos e pode agredir alguém através de palavras ou de forma física. Este descontrole também pode ser descarregado em animais ou objetos. 

Em muitos casos, a criança pode se comportar de forma agressiva por algum tipo de trauma. A violência infantil pode corroborar para isso, deixando não só sequelas físicas, mas psicológicas também. A violência psicológica infantil é mais comum do que pensamos e se caracteriza por uma forma abusiva e silenciosa. 

A agressividade também pode ser um sinal de TDAH, depressão, transtorno bipolar, entre outros.

7 – Compulsões e obsessões

Comportamentos repetitivos, pensamentos obsessivos e compulsões, sejam elas por comida, limpeza ou outro tipo, é um sinal muito comum de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). As compulsões também são comuns no transtorno bipolar e outras doenças.

8 – Violência

Comportamentos e desejos violentos em crianças pode parecer algo surreal, mas existe. Eles podem ser motivados por violência sofrida contra eles mesmos, seja na escola ou em casa, pelo bullying, experiências traumáticas ou pelo medo de separação do pais.

Muitas vezes a criança sente desejo em causar dor aos que o cercam, sejam amigos de escola, animais ou aos próprios pais. Esse tipo de comportamento violento de forma intensa e compulsiva pode caracterizar TEI, transtorno bipolar ou algum tipo de psicopatia. 

9 – Tristeza

Uma criança constantemente deprimida e sem vontade de brincar não é um bom sinal. A tristeza é um dos sintomas da depressão, e, se não tratada desde cedo, pode piorar o quadro. Os sintomas de depressão infantil envolvem cansaço extremo, alterações no sono, dificuldade de concentração, irritabilidade, angústia, baixo rendimento escolar e outros fatores que alteram muito o dia-a-dia e a saúde de quem sofre com a doença.

Confira aqui o nosso artigo completo sobre depressão!

10 – Dificuldade para fazer amigos

Em casos de fobia social, a criança não consegue enfrentar situações que envolvam qualquer tipo de exposição. O transtorno de ansiedade social, também chamado de fobia social ou sociofobia, é o medo irracional de ser julgado, analisado e rejeitado em situações de interação social. A pessoa com fobia social sente irritabilidade e angústia a ponto de não conseguir lidar com elas e isso afetar a sua vida. Problemas de socialização também podem caracterizar outros transtornos de ansiedade.

A importância do diagnóstico

Para todos os casos citados acima, o diagnóstico diferencial se faz necessário. Em sintomas que se enquadram em uma ou mais doenças, é preciso uma análise completa do caso, a fim de determinar o diagnóstico correto e encaminhar o paciente para o tratamento adequado. 

É fundamental que o diagnóstico seja realizado por um médico especialista. A terapia para crianças é uma das formas de tratamento mais procuradas pois visa entender a complexidade de cada caso assim como analisar suas causas e sintomas. 

A terapia cognitivo comportamental infantil é uma das abordagens da psicologia para crianças  “Destaca-se, por exemplo, o foco no presente, o objetivo de mudança comportamental e cognitiva, a utilização de sessões estruturadas, entre outros. Todavia, a abordagem com crianças e adolescentes difere-se no que tange ao tipo de intervenção realizada, que terá como base a criação de linguagens (muitas vezes não verbais) para acessar o funcionamento cognitivo da criança e adolescente. Além disso, o tratamento com crianças também tem outros pontos diferencias, como a intervenção com os pais, que muitas vezes consiste em uma grande, e às vezes até maior, parte do tratamento. Assim sendo, o foco das intervenções em TCC com crianças e adolescentes, além de centrar na ativação e entendimento das emoções – as quais os jovens têm dificuldade de diferenciar dos pensamentos -, também deve trabalhar em termos de pensamentos adaptativos e não adaptativos (“que ajudam e não ajudam”), explica a Revista Brasileira de Psicoterapia.

 

 

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