O que é regulação emocional?

Regulação emocional

Parte do desenvolvimento humano ocorre por meio do aprendizado social. Dessa forma, iniciamos a construção de nossa capacidade de socialização muito cedo e vamos nos apropriando dela ao longo da vida. O mesmo ocorre com o aprendizado emocional.

O meio social é importante para construir e afirmar nossa comunicação. Através dele, conseguimos nos expressar, interagir com experiências alheias e entrar em contato com nossos sentimentos. As emoções dão cor ao nosso dia. Raiva, medo, tristeza, nojo, alegria… elas são capazes de dar a textura para vivermos nossas relações.

Segundo a OMS, saúde emocional é “um estado de bem-estar onde o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com fatores estressantes normais da vida, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir com a sociedade.”

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Sendo assim, lidar com os sentimentos de maneira positiva desmistifica a ideia de que são os vilões de nossa vida. Desse modo, não precisamos ser reféns de nossas emoções, afinal, são elas que nos ajudam a ter motivação para continuar em nossas atividades, para resolver problemas e continuar a viver.

Mesmo assim, a maioria das pessoas encontra dificuldade para estabelecer um equilíbrio entre suas cognições (pensamentos e ideias), emoções (sentimentos e sensações) e comportamentos (ações e reações). É importante, então, prestar atenção na sua saúde emocional.

Dessa forma, construir habilidades para lidar com suas emoções é fundamental, pois aumenta o seu potencial regulatório emocional e as suas relações interpessoais se tornam mais positivas. A regulação emocional possibilita a estabilidade necessária para todos.

O que é regulação emocional?

Toda vez que recebemos um estímulo externo, seja ele positivo ou negativo, ocorre uma interconexão entre as nossas cognições, emoções e comportamentos, então, reagimos. Entretanto, a forma como atuamos que ajuda a compreender a regulação emocional.

Nesse sentido, podemos responder de forma funcional ou disfuncional. No primeiro caso, somos capazes de acolher e expressar nossas emoções de maneira positiva – mesmo que sejam sentimentos negativos -, além de conseguirmos resolver os conflitos. Em relação as respostas disfuncionais, as reações podem ser desproporcionais.

Dentro desse contexto, uma pessoa que se encontra em problemas de enfrentamento com suas próprias emoções, está em constante vulnerabilidade e volatilidade. Sendo assim, precisamos de uma mediação para poder lidar com os eventos do cotidiano de maneira mais produtiva. A regulação emocional, então, pode se tornar o que procuramos ao agirmos de forma funcional.

Dessa forma, a regulação emocional é um estilo de enfrentamento das situações do dia a dia. Assim como um termostato para o ambiente, esse estilo propõe avaliar e perceber o mundo externo, além de ser uma forma de tornar a vida mais positiva.

Portanto, as pessoas podem adotar algumas ações funcionais para atingir a regulação emocional, como: reavaliar os problemas para dar uma resposta mais apropriada; ser mais assertivo, ou seja, ter a habilidade de se comunicar com as pessoas de maneira educada e equilibrada; e adotar ativação comportamental, com a prática de exercícios físicos e realização de projetos prazerosos.

A construção da regulação emocional

A regulação emocional funciona como peça central entre a expressão emocional parental e as capacidades sociais. Desse modo, a sua construção se inicia na relação familiar, afinal, a competência emocional é inserida socialmente para o sujeito pela via desta relação.

A consequência desse aprendizado familiar é a forma como o indivíduo irá lidar com as emoções. Apesar de crescermos, constituirmos famílias e construirmos nossos laços sociais próprios fora do domínio parental, a tendência é que haja uma reprodução do modelo aprendido dentro de casa.

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Então, quanto mais positiva for essa relação, maior será a capacidade do indivíduo de atribuir significado e importância para a expressão emocional, ou seja, ele será capaz de atribuir melhor o valor de suas emoções na idade adulta.

Por outro lado, quanto mais negativa ela for, maior será a probabilidade de o sujeito responder as emoções com desdém, desrespeito ou hostilidade, atuando de forma agressiva e com desaprovação.

Consequências da desregulação emocional

Algumas pessoas utilizam formas disfuncionais para lidar com a desregulação emocional, pois, assim, conseguem um certo alívio momentâneo para a angústia que sentem. As consequências, geralmente, são negativas.

Desse modo, adotam posturas autolesivas, como o uso excessivo de álcool ou drogas, além de utilizar comportamentos de fuga ou evitação, isto é, quando o indivíduo não consegue compreender o que está acontecendo e prefere se abster de qualquer responsabilidade.

Já outros indivíduos adotam a confrontação. Porém, ela não é empregada como uma maneira assertiva de lidar com o assunto, mas como uma explosão emocional, que muitas vezes chega ao extremo.

Comportamentos passivo-agressivos também são vistos. Dessa forma, se apresentam com uma resistência em satisfazer as expectativas de suas relações interpessoais e uma oposição velada. Então, as pessoas adotam um uso mais intenso das redes sociais a fim de eximir-se de suas responsabilidades.

Sendo assim, é possível perceber que o processo de desregulação emocional também é um estilo de enfrentamento, no qual o indivíduo experimenta intensificação excessiva das emoções ou sua total desativação.

Além disso, a intensa onda de emoções pode ser vivida pelo indivíduo como uma maneira opressora, intrusiva, problemática ou até em forma de pânico, terror, temor, trauma ou senso de urgência. A desativação das emoções inclui experiências dissociativas, de despersonalização, de desrealização ou entorpecimento emocional.

Como regular as emoções

Bem, passamos por momentos estressantes o dia todo. Em diversos contextos, somos capazes de nos concentrarmos para a resolução de um problema, porém não estamos atentos ao nosso processo emocional.

Nesse contexto, o processamento das emoções passa pela cognição, pelo sentimento, pelas reações fisiológicas e pela ação. Todo este processo é feito de maneira tão automática que não nos damos conta de seu acontecimento.

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Desse modo, gostaria de apresentar alguns exercícios que podem te auxiliar quando você sentir intensidade nas emoções negativas:

Técnicas de regulação emocional

  • Aceite o sentimento. Ele não é você e esta emoção não determina seu caráter, aliás, faz parte de sua regulação emocional. Isso é um passo importante para sentir-se em equilíbrio. Esta aceitação pode ser realizada a partir de exercícios de mindfulness, que não envolvem julgamentos, mas somente a concentração no momento presente;
  • Observe sua emoção. Tome conta de sua existência e não se envolva a ponto de se sentir sufocado;
  • Pense nela como uma onda indo e vindo ao seu encontro. Se ajudar, monte uma imagem mental;
  • Não rejeite e não julgue. Seja caridoso consigo mesmo;
  • Procure envolver-se em alguma atividade prazerosa a fim de evitar a ruminação;
  • Reconheça: ela é parte de você. Somente isso;
  • Não aja de acordo com sua emoção. Você é capaz de definir como deverá ser seu comportamento;
  • Ame sua emoção negativa como se fosse uma criança precisando de cuidados;
  • Não lute contra a sua emoção.

Técnica STOPP

Essa é uma técnica da terapia cognitivo comportamental capaz de auxiliar as pessoas em um momento de crise. Além disso, também pode ser utilizada para lidar com suas emoções de maneira funcional.

S – Stop (Pare)

Pare por um momento e procure não fazer nada no automático. Esteja no momento presente.

T – Take a Breath (Respire)

Faça a respiração diafragmática. Sua respiração é seu melhor exercício, então, faça com consciência.

O – Observe (Observar)

Observe os seus diversos sentidos. Para isso, faça as seguintes perguntas:

  • O que está passando pela minha cabeça?
  • Onde está sua consciência?
  • Ao que você está reagindo?
  • Quais as sensações que você está experimentando em seu corpo agora?

P – Pull Back (Dê um passo para trás e coloque as situações em perspectivas)

Realize a observação do helicóptero, ou seja, coloque a imagem do seu problema em um plano maior. Assim, você terá condição de olhar as saídas com mais clareza. Além disso, responda as perguntas abaixo:

  • Existe uma outra maneira de analisar esta situação?
  • O que eu diria a um amigo nesta situação?
  • O meu pensamento é uma realidade ou uma opinião?
  • Existe uma explicação mais racional para este evento?
  • O quão importante é isto hoje? O quão importante será isso daqui 6 meses?

P – Practice what works (Pratique o que funciona)

Continue positivo, afinal, a intenção é regular suas emoções. Para tal, pergunte-se:

  • Qual a melhor coisa para ser feita agora? Para mim? E para os outros? E para a situação?
  • O que eu posso fazer para que isso não ultrapasse meus limites morais?
  • Faço aquilo que for apropriado para o momento?

Bem, desejo que você consiga compreender a importância de suas emoções e fazer uso das técnicas quando você achar melhor.

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