Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), somos mais de 264 milhões de ansiosos no mundo. Mas quando a ansiedade comum se torna um transtorno? A fobia social existe e é mais séria do que se imagina.
A interação social é o alicerce da formação de comunidades, grupos, amizades e famílias. Criar laços e construir relacionamentos faz parte do nosso dia a dia e é a partir dele que vivemos em sociedade. Mas, e quando essa interação necessária para a sobrevivência é barrada pelo medo?
Ás vezes, em situações de exposição social, somos brecados pela timidez. Apresentar um projeto na frente de muitas pessoas, subir num palco, puxar conversa com o(a) paquera…tudo isso pode dar um frio na barriga, o que geralmente é normal. Todos nós sentimos ansiedade e nervosismo quando rodeados de situações em que podemos ser julgados pelos outros.
Mas, para algumas pessoas, essas situações são praticamente impossíveis! Outras mais simples como falar ao telefone, tirar dúvidas com o professor após a aula e provas paralisam algumas pessoas a ponto de gerar um estresse extremo e choro.
Fobia social: o que é?
O transtorno de ansiedade social, também chamado de fobia social ou sociofobia, é o medo irracional de ser julgado, analisado e rejeitado em situações de interação social. A pessoa com fobia social sente irritabilidade e angústia a ponto de não conseguir lidar com elas e isso afetar a sua vida.
Existem níveis de sociofobia. A fobia social leve, ou ansiedade social circunscrita, é caracterizada pelo medo e ansiedade quando a realização das tarefas se dá ao redor de pessoas, como falar em público, apresentar seminários e projetos ou fechar contratos, por exemplo.
Já a fobia social grave, ou fobia social generalizada, se dá quando o quadro de ansiedade social piora e o indivíduo não consegue realizar contatos interpessoais simples, como ir a eventos e festas, conversar com estranhos, falar no telefone e lidar com qualquer pessoa que tenha algum tipo de autoridade, como a relação professor- aluno, chefe-funcionário, entre outras. O paciente se sente julgado e entende sempre que seu desempenho será o pior possível.
O limite entre timidez e sociofobia está nas consequências negativas que essa ansiedade gera na vida da pessoa. A timidez e a ansiedade são normais em todo mundo. O que as difere da fobia social são os medos exacerbados que não permitem a evolução, expressão e criação de laços desse indivíduo. A fobia social paralisa.
Fobia social: Sintomas
É preciso ter muito cuidado ao avaliar os sintomas de fobia social e não confundi-los, pois a diferença entre a timidez e ansiedade normal do transtorno de ansiedade social está no nível em que eles dão as caras.
Sintomas psicológicos
- ansiedade;
- angústia;
- medo;
- baixa autoestima;
- pessimismo;
- isolamento.
Sintomas físicos
- taquicardia;
- sudorese;
- falta de ar;
- mãos geladas;
- dor de barriga;
- diarreia;
- rubor no rosto;
- tonturas.
O diagnóstico só pode ser realizado por um psicólogo ou psiquiatra.
Fobia social infantil
A nossa vida social tem início na infância, com os pais, familiares, colegas de escola e professores, por exemplo. Muitos adultos banalizam as relações sociais dos pequenos por acharem-nas simples e sem profundidade ou importância. Mas a questão é que tudo o que se constrói na infância, floresce nas outras etapas da vida e é aí que as raízes mais profundas são fincadas, sejam elas boas, ou ruins.
Muitos aspectos podem influenciar o aparecimento do transtorno nas crianças. A fobia social na escola é causada pelo bullying, ou seja, quando as provocações acerca da aparência, origem e/ou rendimento escolar dos colegas, por exemplo, acontecem de forma constante. Esses episódios deixam marcas profundas e, se não tratadas desde cedo, se transformam em grandes traumas.
O relacionamento com os pais também é de vital importância na formação dos pequenos. Crianças que se sentem inibidas perante a presença de adultos mostram traços de uma possível fobia social. Elas preferem ficar ao redor dos pais e se escondem da visita. Lembrando que a timidez também apresenta essa faceta, o que diferencia ela da sociofobia é o nível alto de estresse que a criança sente nessas situações.
Muitas vezes os adultos podem confundir os sinais do transtorno com a birra típica das crianças, o que pode postergar o diagnóstico e prolongar os problemas causados no paciente.
Fobia social na adolescência
É nessa fase de tantas mudanças que os sinais dados na infância podem ter mais efeitos negativos na vida dos pacientes. As inseguranças com o corpo, pressão social, padrões de beleza e as decisões acerca da carreira podem ser traumatizantes para alguns adolescentes, e isso pode gerar isolamento, baixa autoestima e outros sintomas da fobia social.
Alguns pais também entendem esses sinais como normais e podem ser grandes entraves na melhora do paciente com fobia social, já que uma das premissas é procurar ajuda profissional. Porém, se os pais não admitem que existe um problema, consequentemente não procuram ajuda, e o problema é levado para outros momentos da vida, dificultando o tratamento e piorando o quadro.
Fobia social: Causas
É comum a presença de transtornos de ansiedade entre membros da mesma família, mas a hereditariedade não é a causa principal, até porque isso não é de todo cientificamente comprovado. A estrutura cerebral pode influenciar no aparecimento da fobia social, por exemplo. A amídala cerebelosa é vital no controle das emoções humanas, como o medo. Indivíduos com essa estrutura hiperativa podem apresentar maiores níveis de medo, inquietação e insegurança em situações adversas.
Fobia social e psicologia
A principal causa dos transtornos de ansiedade é o ambiente externo. A maneira com que somos tratados nele e como respondemos aos seus estímulos é a chave para entender a origem dos transtornos.
Crianças maltratadas na infância, episódios traumáticos, situações adversas estressantes, bullying e a própria personalidade tímida que não foi desenvolvida, podem ser grandes vilões no aparecimento da sociofobia.
Diagnóstico diferencial
Esse método muito utilizado por médicos permite a identificação de doenças através de um processo técnico de eliminação. Muitas doenças possuem sintomas similares e é preciso uma análise profunda no caso para conseguir, de fato, diagnosticar o paciente.
Os transtornos de ansiedade podem possuir alguns sintomas em comum com outras síndromes. A Fobia social e Agorafobia estão muitas vezes atreladas por envolverem o medo de lugares públicos, multidões, etc. Entretanto, as pessoas com ansiedade se sentem incomodadas em ambientes em que pode haver o julgamento alheio, enquanto os que sofrem de agorafobia, sentem medo de do ambiente adverso em si.
O isolamento, baixa autoestima e pessimismo também podem colocar fobia social e depressão lado a lado, sendo que muitas vezes a pessoa que sofre com fobia social também pode desenvolver depressão. Porém, não necessariamente isso vai ocorrer.
Os pacientes com depressão se sentem tristes constantemente, perdem o prazer em atividades que antes os interessava, e estas atividades podem ser referentes à socialização. A perda do prazer em socializar é diferente do medo de socializar e ser julgado pelas pessoas. Por isso, a análise psicológica é fundamental para investigar caso a caso e discernir uma doença de outra.
Relacionamentos
A timidez na hora de puxar conversa com alguém é normal. Ter aquele friozinho na barriga quando está apaixonado por alguém e esse alguém se aproxima, também é normal. Mas como explicamos anteriormente, a fronteira entre timidez e sociofobia está nos prejuízos que o medo de ser julgado pelos outros e o isolamento trazem à vida do paciente.
As pessoas que sofrem de fobia social têm muita dificuldade em criar laços e mantê-los, pois isso envolve contato, conversa e profundidade na interação social. Por isso é extremamente difícil para elas se sentirem à vontade com outras pessoas.
A fobial social e o relacionamento amoroso é ainda mais difícil, pois também envolve intimidade. A reação comum é o isolamento físico e emocional do sentimento. É importante que tanto a pessoa que sofre de sociofobia quanto alguém apaixonado por ela procurem ajuda psicológica para entender mais sobre o transtorno e seguir as técnicas do psicólogo para lidar com o problema.
Fobia social: Tratamento
Assim como todos os transtornos de ansiedade, a fobia social não tem cura, pois é uma doença crônica. Mas existem meios de trata-la e diminuir os seus efeitos negativos na vida do paciente.
Como tratar a fobia social? O principal método para controlar a fobia social é através da Psicoterapia. Ela consiste em um tratamento colaborativo entre paciente e psicólogo em que o profissional aplicará suas técnicas e abordagens baseadas no caso que está lidando. Existem várias abordagens de psicoterapia, como a Junguiana/Analítica, Cognitivo-Construtivista, Psicanálise, por exemplo.
Outro tratamento possível para a sociofobia são os medicamentos. Visto que a serotonina, neurotransmissor que controla o humor e o estresse, por exemplo, não trabalhe corretamente em indivíduos com sociofobia, a possibilidade aqui é utilizar antidepressivos para diminuir o excesso de reatividade emocional e ansiedade. Há indícios de que a dopamina, neurotransmissor associado com a busca de prazer e gratificação, também existe em níveis muito baixos em pacientes com sociofobia. Mas a fobia social e medicamentos só podem andar juntas com a prescrição médica.
Os antidepressivos apaziguam os sintomas e efeitos destrutivos do transtorno, mas não ensinam o emocional e psicológico a entenderem o que acontece na mente do paciente. Por isso, o autoconhecimento que a psicoterapia gera é a peça principal para entender como vencer a fobia social e lidar com ela. Além disso, a psicoterapia ensina o paciente a reagir e a responder aos medos que o transtorno gera, criando um indivíduo mais consciente e o preparado para as adversidades de um transtorno tão sério.
A Fobia Social foi “um flagelo” que convivi dos 13 anos aos 43 anos, de forma severa e me levou (embora) a juventude e o lazer! Estava no ônibus e, numa curva mais acentuada perdi os sentidos, me desequilibrando, mas graças a Deus a porta suportou meu peso (que aumenta em queda em movimento)! Mas a minha “querida” irmã não se preocupou com o ocorrido, durante a noite, tratou a questão como vexatória. Dia seguinte, café da manhã o abalo emocional chegou as mãos com tremor ao pegar a caneca. Dá lhe Resiliência para fazer ao menos os estudos e trabalho serem menos afetados! Só fui superando a Fobia Social, quando uma Professora interveio, quando colegas zombaram de eu ter apresentado trabalho em equipe, com a minha parte decorada. Noutra oportunidade uma médica teve piedade ao perceber que eu almoçava um lanche (dois empanados) ai foi como senti a necessidade de um “up grade”! Minha mãe que havia sido tão insensível, mas ao ler sobre a doença soltou (do fundo dos pulmões): “Não sabia que sofrias tanto”! Por isso, me preocupo com a midia que, incansável, incute o uso contínuo de APP/s, Delivery, Home Office, ou seja, a vida restrita ao apartamento: quarto para sala e vice-versa!