Psicólogo e psiquiatra são dois profissionais que tratam do comportamento humano, mas existem diferenças entre eles!

Qual diferença entre psiquiatria e psicologia? Você sabe responder essa pergunta? Apesar de parecer simples a diferença, muitas pessoas ainda confundem os dois campos de estudo. Porém, não tema. Se ainda não sabe, logo saberá.

Psicólogo e psiquiatra não são sinônimos. Aliás, possuem característica bem distintas. Entretanto, a atuação em conjunto dos profissionais é fundamental para um tratamento mais completo.

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Psicólogo x psiquiatra

Thomás Augusto: Por que as pessoas ainda têm medo de ir ao psiquiatra e psicólogo?

Sônia Pittigliani: A gente está num mundo aonde o preconceito é muito grande. Então, assim, a gente tem uma série de estigmas, uma série de tabus, de palavras que a gente não pode falar, de situações que envolvem toda uma carga densa do aspecto social, do aspecto emocional.

E falar que uma pessoa precisa de terapia e que precisa de um psicólogo, a primeira reação é aquela “Ah, mas eu não estou louco, eu não estou com problema. Então, o problema eu converso com um amigo, eu converso com alguma pessoa, eu vou buscar em mim mesmo a solução”.

Quando, na realidade, o preconceito que te impede de estar buscando uma solução, buscando um profissional adequado que possa te ajudar a resolver e a entender melhor o que está acontecendo com você.

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Então, o preconceito aliado a falta de informação e aliado a uma série de questões que a gente não traz à tona – transformando esse mundo psíquico ainda em uma coisa ainda mais densa e uma coisa ainda mais nebulosa – isso tudo precisa ser falado e conversado.

Por isso que essa iniciativa de vocês é superinteressante: de estar transformando isso em coisas mais palatáveis, em coisas mais informativas, em coisas mais cotidianas para que as pessoas vençam essa barreira do preconceito e se precisarem realmente busquem um profissional na área da psicologia.

Thomás Augusto: Qual a diferença entre psicologia e psiquiatria? Qual a diferença entre psiquiatra e psicólogo na formação acadêmica?

Sonia Pittigliani: Essa é uma bagunça que muita gente faz. “O que o psiquiatra faz? O psiquiatra é coisa de louco? Se eu for para o psicólogo, eu não estou tão louco, mas se for para o psiquiatra eu estou mais louco ainda?”. Vamos entender didaticamente algumas questões.

O psiquiatra é médico, faz faculdade de Medicina durante 6 anos e depois ele faz um especialização de 2 ou 3 anos em Psiquiatria, que é o estudo das mentes patologicamente doentes. Então, ele é médico, ele vai usar medicação, ele tem CRM (Conselho Regional de Medicina).

O psicólogo é um indivíduo que entra na faculdade de Psicologia, estuda durante 5 anos e se transforma num especialista de comportamento humano. E então, ele vai ter o que é chamado de CRP (Conselho Regional de Psicologia).

A grande diferença entre o psicólogo e o psiquiatra está no uso da medicação. O psiquiatra, por ser médico e por tido toda uma formação de estudo das farmacologias e da química inerente do organismo – por exemplo, a depressão ela é psíquica do ponto de vista psicológico, mas ela é também do ponto de vista bioquímico, então você precisa tratar com terapia, na maioria das vezes, e com a ajuda de uma medicação para você equilibrar a questão bioquímica.

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Então, os dois trabalham juntos, mas as formações são específicas, um na área da medicina e o outro na área da psicologia, embora os dois estudem o comportamento humano.

O psiquiatra estuda o comportamento humano num tom mais patológico e num tom mais de transtornos do que o psicólogo. O psicólogo, embora lide com esses transtornos também, dentro da questão terapêutica aliado muitas vezes ao psiquiatra que precisa entrar com medicação, ele acaba muitas vezes em prática do consultório, no seu cotidiano, lidando mais com questões de afetividade, de relacionamento, de problemas, de comunicação na questão da empresa, na questão da vivência, muitas vezes busca o autoconhecimento.

Então, não é que um lida com coisas mais complicadas e o outro não. Ambos lidam com o comportamento humano, mas o psiquiatra tem toda uma formação na área da medicina e pode receitar, coisa que o psicólogo não pode fazer.

Thomás Augusto: Então, não adianta pedir para o psicólogo fazer receita…

Sonia Pittigliani: Às vezes, as pessoas pedem. Como eu vim durante grande parte do meu exercício profissional trabalhando em hospital, UTI, a gente aprende até que por tabela algumas medicações que podem ser usadas e qual é o efeito colateral. Então, orientar e falar, aconselhar para buscar um profissional para receitar o que precisa, isso é importante.

O psicólogo tem que ser não só um conhecedor do comportamento humano, mas dentro das especificidades de atuação, ele tem que ser grande entendedor do organismo humano. Isso acontece porque às vezes é importante para o psicólogo perceber que aquela dor de cabeça que aquele indivíduo tem, aquelas queixas de enxaquecas ou aquela não funcionalidade não é emocional.

Às vezes, não é uma simples crise de enxaqueca, pode ser um tumor cerebral que precisa ser diagnosticado e tem que ser tratado por um profissional da área. Então, o psicólogo e o psiquiatra eles embora sejam estudiosos do comportamento humano com suas patologias, é fundamental que o psicólogo também conheça não só as questões das medicações para poder aconselhar, mas é importante que o psicólogo também conheça a fase do diagnóstico diferencial, de forma que ele possa realmente estabelecer se tem que ser acoplado a um tratamento junto com o psiquiatra ou com médicos de outras especialidades.

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Thomás Augusto: Então, a psiquiatria e psicologia se complementam e a atuação deles juntos é muito importante…

Sonia Pittigliani:  Se complementam, assim como é importante que o psicólogo se complemente com outros profissionais da área da saúde, com médicos, porque muitas vezes o indivíduo chega ao psicólogo para fazer terapia porque o médico encaminhou ou porque aquilo que ele está percebendo que ele tem enquanto um conteúdo físico é também emocional.

Thomás Augusto: Qual a diferença entre psicólogo e psiquiatra na atuação do dia a dia? O psiquiatra pode realizar terapia?

Sonia Pittigliani: Pode. Você tem psiquiatras que se dedicam a uma questão de atender o paciente do ponto de vista medicamentoso, do ponto de vista de introdução, manutenção e retirada da medicação. O psiquiatra ele realmente pode medicar, deve medicar quando necessário e o psicólogo não.

O psicólogo não pode fazer uso de receita, ele não pode receitar nenhuma medicação. Ele pode aconselhar, pode orientar, pode entender, pode saber, pode inclusive trocar essa ideia com o profissional da área de psiquiatria, assim como ele é importante trocar com a área de gastrologia, com a área da neurologia, cardiologia.

Às vezes, o paciente é encaminhado pelo cardiologista. É muito comum o paciente que tem infarto desenvolver uma crise depressiva, uma nuance muito sutil de depressão. Então, é importante que esse paciente faça terapia e que tenha muitas vezes a introdução de uma medicação antidepressiva.

Então, esse psicólogo vai precisar estar em contato com esse psiquiatra, que está introduzindo a medicação, com o cardiologista, que está encaminhando para que seja feita essa intervenção. Quando a gente consegue ter a reunião de saberes – psicólogos, psiquiatras, médicos, educadores -, obviamente a gente vai conseguir atingir resultados positivos.

Thomás Augusto: Psicólogo ou psiquiatra? Quando cada um deles deve ser procurado?

Sonia Pittigliani: Às vezes, o psicólogo e o psiquiatra são procurados porque existe um transtorno na vida daquele indivíduo que está muito evidente. E ele acaba tendo que vencer os preconceitos, tendo que vencer todas as dificuldades e acaba indo em busca de um psicólogo, que é importante que tenha conhecimento do lado da psiquiatria no sentido de saber até onde é o seu limite de atuação e até onde ele precisa da ajuda de um profissional da área da psiquiatria para entrar com medicação e ajudar no tratamento.

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Muitas vezes a questão é medicamentosa. Não adianta fazer 10 anos de terapia no indivíduo e nada mudar e ele não melhorar quando ele pode ser beneficiado com uma medicação que pode ajudar e facilitar a terapia e é um espaço para mudança daquele indivíduo.

Todas as coisas elas precisam ter o seu sentido e o seu devido respeito. Muitas vezes, o psicólogo pode encaminhar para psiquiatra quando ele nota que aquela determinada situação para ser resolvida precisa de um remédio, calmante ou antidepressivo.

Embora o denominador comum seja o comportamento humano, é importante que você seja conhecedor de todos aqueles outros mundos. Saiba o que cada um faz para saber até onde o seu limite vai e até onde você pode contar e deve contar com a ajuda de outro profissional.

Thomás Augusto: Psiquiatra ou psicólogo? E se a pessoa ainda tiver dúvidas , quem ela deve consultar primeiro?

Sonia Pittigliani: Eu não diria para procurar os dois, senão você vai sair fazendo uma corrida de profissionais. Mas, quando você percebe que alguma coisa não está bem com você, seja numa ordem mais crescente de um transtorno.

Querendo ou não a gente tem informação no nosso cotidiano, mais ou menos, no básico sobre o que deve ser. Ou quando você está lá com uma doença e de repente recebeu um diagnóstico que está com câncer. Ou está com uma doença autoimune, de que você terá que fazer um tratamento pelo resto do dia. Ou então quando você tem uma depressão. Ou quando você vai assistir o filme do “Coringa” e sai impactado.

Quando você percebe que alguma coisa não está bem, procure um profissional. Se você procurar um médico e ele for um bom profissional, ele vai saber te encaminhar para um terapeuta. Se você for procurar um terapeuta, um psicólogo, e ele for um bom psicólogo, ele vai ter encaminhar para um outro profissional que possa ajudar no tratamento.

A gente falou de psiquiatria, a questão pode ser só do psiquiatra, independente da questão de terapia. Se você pensar em transtornos esquizofrênicos de alto grau ou mesmo a questão do “Coringa” que estão falando, que ele tem uma epilepsia gelática, que é uma questão puramente medicamentosa, independente de fazer terapia. Embora muitas vezes seja até possível e seja até pertinente, nem todos os casos indistintamente tem que cair no colo do psicólogo.

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Então, é essa sutileza, é essa distinção, é esse diagnóstico diferencial que a gente tem que ter. Saber quando um outro profissional tem que ser introduzido e você tem que buscar uma outra pessoa, ou para complementar o tratamento ou para trocar informação ou para fazer com que aquele paciente seu seja beneficiado por introdução de uma medicação ou de um outro diagnóstico que complemente.

Thomás Augusto: Qual a diferença de psicólogo para psiquiatra no tempo de tratamento?

Sonia Pittigliani:  Não dá para determinar o tempo de tratamento, a não ser que você tenha uma modalidade diferente. Por exemplo, eu como vim de um ambiente hospitalar onde muitas vezes na beira do leito, na sala de emergência atendendo o paciente, o seu tempo é aquele minuto, aquela consulta, é naquele momento que você vai ter oportunidade de dizer para aquele paciente que ele tem que ser encaminhado, de dizer para ele que vale a pena viver, de dizer para ele que as coisas tem jeito e tem solução.

Você não vai ver esse paciente nunca mais, você está dentro de uma sala de emergência. Se você atende um paciente numa UTI, você atende ele durante aquele tempo em que ele está internado e muitas vezes temos pacientes que ficam dentro da UTI durante 2 ou 3 meses, dependendo da questão e até falando de saúde pública.

Se você atende dentro de consultório, você pode atender em esquemas de terapia breve focal, onde você tem dentro do ponto de vista dinâmico um tempo relativamente determinado e acordado entre paciente e terapeuta, que vai aí de algumas sessões.

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Falar em tempo, tanto na parte da psiquiatria, né? E às vezes perguntam “quanto tempo tenho que tomar esse remédio?” e tem medicações que realmente se você não tomar por pelo menos um ano ou dois não vai ter resultado porque ela vai fazer efeito por processo acumulativo, então, tem um tempo. A gente tem que se preocupar muita mais em passar para o paciente a tranquilidade e a noção de que ele vai estar bem independente do tempo. O tempo vai ser uma consequência do bom tratamento conduzido por bons profissionais.

Caso ainda tenha dúvidas sobre o tema, mande para a Sonia através de nossas redes sociais. Caso queria orientações psicológicas da Sonia Pittigliani, saiba que ela está com agenda aberta aqui na Telavita. Agende agora a sua consulta e dê um importante passo em prol da sua saúde!

 

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